O povo negro de Americana quer reconstruir uma história que foi silenciada por séculos. Lideranças locais protocolaram junto ao prefeito Chico Sardelli (PL) um pedido para a criação do Centro de Memória do Seu Dito Preto, espaço que pretende preservar e dar visibilidade à trajetória da população negra na cidade.
“Quem escreveu a história foram aqueles que escravizaram a gente. Eles não contaram a nossa, contaram a deles. Hoje, estamos reconstruindo o que nos foi tirado”, afirma Samuel Barbosa, o Seu Dito Preto, referência no movimento negro regional.
O espaço deve reunir exposições sobre cultura, religião, culinária e música, além de se tornar ponto de resistência e aprendizado para as novas gerações. Para Cláudia Monteiro da Rocha Ramos, da Unegro, é urgente: “Nem tudo em Americana foi italiano ou estadunidense. Temos a memória do povo negro, e ela precisa ser reconhecida”.
A luta de Seu Dito não começou agora. Há mais de 40 anos ele atua em movimentos de resgate cultural e projetos sociais. Sua entidade atende hoje cerca de 150 crianças e mais de 50 idosos. “É uma história difícil e dolorosa, mas também de resistência e vida”, resume.
A expectativa é que o centro seja inaugurado em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, como marco da memória e da luta contra o apagamento histórico em Americana.