Preconceito afeta a saúde

Uma nova pesquisa da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, mostra que o racismo causa danos à saúde — e isso não se restringe ao aspecto psicológico. Vítimas de preconceito racial correm maior risco ficar com o corpo inflamado, o que aumenta a probabilidade de doenças crônicas ao longo do tempo.

Os americanos reuniram 71 indivíduos, sendo 48 negros e 23 brancos, com média de idade de 53 anos. Antes da análise, todos responderam a um questionário para determinar situações nas quais já haviam vivido uma discriminação étnica. Além disso, 37 participantes do grupo também eram soropositivos. Isso permitiu aos cientistas diferenciar o que era causado pelo racismo e o que seria provocado pelo HIV.

A partir daí, foram extraídas amostras das células dos voluntários e medidas as moléculas inflamatórias e antivirais presentes neles. Os cientistas encontraram maiores taxas de inflamação nos afro-americanos e constataram que o preconceito racial está por trás de mais de 50% dessa diferença, inclusive entre os portadores do HIV.

Quando a inflamação surge em uma parte do corpo, significa que o organismo está reagindo a alguma infecção, machucado ou estresse. Esse processo estimula o sistema imunológico e serve para afastar agentes infecciosos e reparar tecidos danificados. A inflamação é um mecanismo de defesa para combater ameaças ou consertar danos. Isso não engloba apenas a ação de vírus e bactérias, mas também o estresse e a ansiedade – reações que ocorrem devido às mais diversas formas de manifestações racistas.

Em pesquisas anteriores, o psicólogo Steve Cole, professor da Universidade do Sul da Califórnia que participou do estudo, já havia descoberto que a inflamação é mais intensa em grupos socialmente marginalizados. “Vimos isso antes em casos de solidão crônica, pobreza, estresse pós-traumático e outros tipos de adversidade. Ninguém havia olhado para os efeitos do preconceito” O racismo é apontado também como uma das causas de elevação do índice de doenças e morbidade entre negros no Rio Grande do Sul segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentada em um seminário de formação em Santa Cruz do Sul, em novembro de 2019.

Conforme a pesquisadora Jéssyca da Rosa Santos, mestranda em Psicologia Social da UFRGS, crendices carregadas de preconceito são fatores que ainda interferem na criação de mecanismos para o tratamento de negros. “Acredita-se que as mulheres negras toleram mais a dor, que são boas parideiras. Por conta disso, existem registros até de diferenciação na dosagem de anestesia, durante os partos” revelou.

De acordo com Jéssyca, índices de contaminação por HIV e tuberculose são altos entre os negros no Estado. “É a falta de acesso aos serviços, assim como a ausência de informação. É preciso combater o racismo institucional e estrutural, para então melhorarmos as políticas públicas de saúde para a população negra” , reforçou.

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