Revista Raça Brasil

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Uma TV mais colorida e preta também

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Rachel Quintiliano

Editora do Portal Raça. Jornalista e escritora com quase 30 anos de experiência, tanto na comunicação corporativa quanto da imprensa, especialmente imprensa negra. Autora do livro ‘Negra percepção: sobre mim e nós na pandemia’. É responsável por planejar os conteúdos do portal, assegurando a linha editorial e estratégia narrativa do grupo RAÇA.

Maioria da população brasileira, pessoas negras seguem sub-representadas nas telas e nos bastidores

 

A ausência de pessoas negras em posições de destaque na mídia brasileira não é uma falha pontual — é uma estratégia estrutural. Mesmo compondo a maioria da população, pessoas negras seguem sendo sub-representadas em novelas, séries, campanhas publicitárias, cargos criativos e postos de comando nas redações, agências e produtoras, a despeito dos avanços dos últimos anos. Mais da metade da população é negra, mas os rostos que cotidianamente ilustram os canais de comunicação não. 

No setor publicitário, por exemplo, os números falam por si: embora 56% da população brasileira se autodeclare negra (preta ou parda), os rostos negros não são vistos na mesma medida nos anúncios. 

Frente a esse cenário, denunciado há muito tempo pelo movimento social negro e profissionais do setor, empresas que adotam medidas afirmativas acabam se destacando não por estarem à frente, mas por romper o padrão excludente. Iniciativas da Natura, Avon e Magazine Luiza têm se tornado referência no debate sobre equidade, com programas específicos de contratação, incentivo à formação e protagonismo negro. Mas são ainda pontos fora da curva em um mercado que resiste em revisar privilégios e estruturas.

Ontem (12/03/25), a TV Globo anunciou sua meta de alcançar 50% de atores negros nos elencos de novelas até 2030 — e isso após pressão social acumulada por décadas. Embora o anúncio represente um avanço formal, também escancara o quão atrasada a indústria do entretenimento está em relação à realidade do país. 

Para Maurício Pestana, CEO da Revista Raça, o mais longevo veículo especializado em população negra no Brasil, a mudança passa também pela democratização do poder e do discurso. “A presença negra na mídia não pode depender da boa vontade de empresas ou da pressão momentânea das redes sociais. É preciso garantir espaço permanente para vozes negras contarem suas próprias histórias, com autonomia, protagonismo e influência real nas decisões editoriais e comerciais”, afirma.

“A paridade racial na mídia não pode ser uma promessa de futuro — ela é uma urgência do presente. Enquanto a presença negra continuar sendo exceção, tolerada ou tolerável em certos espaços, a mídia seguirá produzindo um Brasil fictício, onde a maioria real permanece invisível”, acrescentou Maurício Pestana.

 

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