Estudar fora do país é um sonho para muitos. Para jovens negros interessados nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, esse caminho pode parecer ainda mais distante. Mas o programa Black STEM, do Fundo Baobá para Equidade Racial, tem mudado essa realidade – e não só com recursos financeiros, mas com acolhimento, cuidado e propósito.
Até o dia 30 de abril, estão abertas as inscrições para a nova edição do programa, que oferece até R$ 35 mil em bolsas para apoiar estudantes negros em cursos no exterior. A iniciativa tem apoio da B3 Social e parceria com a Brasa, uma associação de estudantes brasileiros que também vivem essa jornada longe de casa.
Na primeira edição, cinco estudantes embarcaram nessa travessia: Camilla Ribeiro, hoje em Portugal; Diovanna Stelmam, na China; Melissa Simplício, nos Estados Unidos; Rilary Oliveira, na Argentina; e Eric Ribeiro, que estuda engenharia aeroespacial e física em Indiana, nos EUA.
Eric conta que o apoio da família foi essencial desde o início.
“Minha família se envolveu muito com o Baobá. Eles se encantaram com tudo o que o programa representa.”
Mas, como todo recomeço, também houve desafios: o frio intenso, a comida diferente e a saudade.
“A distância é uma constante. Não dá para contornar, só encurtar. E isso só acontece de meses em meses, quando tenho a chance de voltar”, desabafa.
Apesar disso, ele destaca o quanto tem crescido:
“Aqui, os vínculos são intensos. Os amigos que fiz são para a vida, e ter contato diário com professores que inspiram é algo que transforma.”
Além do auxílio financeiro, os bolsistas também recebem apoio emocional e psicológico, mentorias, networking e fazem parte de uma rede de outros estudantes negros que compartilham vivências parecidas. Essa estrutura tem sido fundamental para tornar a jornada possível – e mais leve.
A diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, destaca que o Black STEM não é só um programa de bolsas, mas um resgate de história e potência:
“A primeira médica da história da humanidade era egípcia. O pai da engenharia no Brasil era negro. O Black STEM nos lembra que grandes avanços na ciência também podem – e devem – ter rostos negros.”
O resultado da seleção será divulgado no dia 11 de julho, pelo site do Fundo Baobá.