Jéssica Córes fala com exclusividade sobre seu filme da Netflix

Jéssica Córes @coresjessica é a protagonista de Biônicos, o novo filme da Netflix, um projeto ousado e inovador, que a atriz encara como um grande desafio. A direção é de Afonso Poyart e a película traz um futuro distópico com muita ficção científica, cyber futurismo e ação.

Em uma entrevista exclusiva à Revista Raça Brasil, Jéssica (34) conta um pouco sobre sua trajetória, desafios, preconceito e o que deseja para o futuro. A atriz iniciou a carreira como modelo, fez diversas participações na TV. Na dramaturgia estreou na novela ‘Verdades Secretas’ e em seguida trabalhou na série ‘País Irmão’, na RTP em Portugal. No cinema esteve no elenco do filme ‘Mamonas Assassinas’. Nas plataformas de streaming atuou em ‘Brasil Imperial’ da Amazon Prime e foi protagonista de ‘Cidade Invisível’ na Netflix em 2021. Seu último trabalho foi na novela ‘Fuzuê’.

Jéssica conta como chegou a essa personagem em Biônicos: “Quando fui chamada para o teste do filme eu tinha certeza que a Maria seria minha. Maria Santos é uma jovem do atletismo, sua maior referência é sua mãe Helena Santos que tem um legado impressionante de conquista em salto em distância, interpretado por Erika Januzza, de quem sou muito fã”.

Questionada sobre esse novo desafio, a atriz declara: “É seguir furando bolhas. E eu busco criar meus personagens baseado em mulheres reais, que sonham, que tem seus quereres, que falem das nossas diferenças, das relações humanas, que tem coragem de assumir e bancar o que é de verdade. Quero poder fazer mais papéis antes não pensado para as mulheres. E eu sigo articulando pra conquistar testes, bons roteiros, bons projetos. Esse é o barato da nossa jornada.”

E sobre estar no papel mais importante do filme, Jéssica revela: “Foi a primeira vez que pude me preparar com tempo, fazer laboratório, entrevistar atletas e paratletas, conhecer centros olímpicos, decupar o roteiro mil vezes. Trocar com o Afonso Poyart (diretor) desde o início do projeto foi muito enriquecedor, além de estudar a minha personagem com o meu coach, Audrei Andrade. A pressão que eu talvez devesse sentir, não existia porque eu pude degustar o processo criativo até começar a rodar o filme”.

Jéssica explica também como foi a relação com o elenco e produtores: “No decorrer do processo, as relações foram sendo construídas entre nós atores e produção. Com a Gabz mais porque ela fazia a minha irmã e era importante termos um certo grau de intimidade. Ela estava comigo desde o teste, nos unimos, defendemos interesses uma da outra quando necessário, passamos perrengues juntas. E assim com cada ator, isso fez muita diferença em cena. Então, apesar da importância e a responsabilidade que eu tinha de contar grande parte do filme, em nenhum momento essa função me desestabilizou”.

Dedicação, trabalho duro e sonhos realizados definem o sucesso da personagem esclarece ela: “Era muito empolgante fazer cenas de ação mesmo sendo um trabalho extremamente físico. Cada dia era uma novidade fora do comum, onde eu lutei, corri, saltei, dirigi, fiquei pendurada de cabeça para baixo, andei a cavalo…e por aí vai. Foi muita dedicação! É bonito ver que fui me lapidando ao longo da carreira, aceitando mais o tempo. E olha, é tão bom sonhar e realizar!”

Quando perguntada se sofreu algum tipo de preconceito por ser uma mulher negra protagonizando um longa-metragem, Jéssica surpreendeu: “Neste projeto não, muito pelo contrário, todos foram muito acolhedores e celebravam a Maria junto com a conquista da atriz Jéssica. Então foi um processo no qual eu também não estava muito acostumada. E no início das preparações eu treinava com rapazes que diziam o quão legal era ter uma mulher fazendo um papel muito vezes interpretado por eles. Acho que até eles estão cansados de ver tanta testosterona neste papel”.

A atriz encerrou a entrevista falando sobre vitória: “Biônicos foi uma grande conquista. Mas além de uma realização eu tenho consciência da importância de ser uma atriz preta, meu papel na indústria e mais ainda para as crianças pretas que mandam mensagem se sentindo representadas. Eu diria para acreditar no seu jeitão. Porque o “não” já está garantido. É preciso arriscar, propor, errar. Mas jamais desistir. E foi isso que fiz, me entreguei desde o momento que fiz o primeiro teste. Peguei um pedaço de graveto e contracenei como se fosse um corpo e “aquela” pessoa estava morrendo em meus braços. Até chorei quando fiz. E de certa forma foi um choro de celebração de ter a oportunidade de fazer um teste como esse e para pessoas como eu”.

Jéssica fez também um apelo principalmente aos produtores de cinema e TV: “Eu desejo que escrevam mais personagens pensados para atores pretos, que não sejamos escadas para outros, narrativas que condizem com nossas histórias. Quero ver mais atrizes pretas protagonizando sem ser questionada por estar ocupando aquele lugar. Quero ver meus pares podendo contar histórias saudáveis, possíveis e reais no audiovisual brasileiro”.

A Revista Raça Brasil prestigia a Cultura Nacional, no viés televisivo e cinematográfico, sobretudo com interpretação de atores negros e atrizes negras!

Por Sabrina Andrea @sabrandrea
Foto: David Aldea @daldph

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