Quando a justiça tarda mas não falha
Há pouco menos de dois anos, ao ser indicado para o cargo de secretário de Diversidade do MinC – Ministério da Cultura, nosso colunista Zulu Araújo foi impedido de assumir dado a um desses imbróglios judiciais de quem passa pelo serviço público, onde muitas vezes, por mais rigoroso que seja o gestor no trato da coisa pública, ele nunca está isento de ser vítima da tal improbidade administrativa.
Embora ninguém esteja isento de ser vítima dos meandros administrativos da máquina pública, ocorre que quando o réu ou a ré são negros existe o agravante, quando o acusado tem também de lidar com o racismo potencializado em uma sociedade injusta como a nossa, no qual todo negro é culpado até que ele prove o contrário, e não faltam exemplos em nossa trajetória de luta.
A decisão da Quarta Vara Cível do Distrito Federal, que inocentou Zulu Araújo,
ex-presidente da Fundação Cultural Palmares(2007-2010), de suposta improbidade administrativa, é um marco importante na luta contra a injustiça. O processo, iniciado em 2015, acusava Araújo de irregularidades no convênio entre a Fundação Palmares e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em Alagoas.
Essa decisão representa um alívio não apenas para Zulu Araújo, mas também para a comunidade negra e os defensores da justiça social e racial. Araújo, um militante histórico do movimento negro brasileiro, sempre defendeu a promoção da cultura afro-brasileira e a igualdade racial. Sua inocência demonstra que a justiça prevaleceu diante de acusações infundadas.
No entanto, é fundamental questionar os motivos por trás dessa acusação e o impacto que ela teve na vida de Araújo e na comunidade negra, por conta de o acusado ser um ícone do movimento negro. Para Araújo, a absolvição vem em um momento ótimo e de muita resiliência, afinal daqui a um mês o intelectual negro defende sua tese de doutorado em Relações Exteriores na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e já conta em comemorar essas duas conquistas.
Ao estar ao lado do nosso colunista o tempo todo, a RAÇA mais que acreditar em sua inocência cumpriu o nosso papel de sempre esperar pela decisão da justiça e não ir sentenciando um acusado negro sem dar-lhe o direito de defesa, coisa muito comum nos dias de hoje numa sociedade regida pela justiça, massacre e sentença das redes sociais.
A inocência de Zulu Araújo é um exemplo de resistência e vitória contra a opressão. Sua luta continua inspirando gerações na busca por justiça e igualdade.