Raça, cor e região no Covid-19

O Brasil e o mundo, neste início de pós-pandemia, começam a mostrar a real face do que foi delineado e estruturado no século 20, principalmente no pós-guerra. Ou seja: como o nefasto papel da geopolítica ocidental estruturou poder político, econômico e social em nosso planeta nos últimos 80 anos.

Embora a Covid-19 no seu surgimento tenha pegado todos indistintamente, negros, brancos, pobres, ricos, oriente, ocidente sem distinção raça, cor ou credo, a cura por meio de uma vacina está se dando de forma seletiva entre regiões e países a exemplo da distribuição de renda no século passado.

Analisando o exemplo local e doméstico, caso de alguns estados brasileiros como, por exemplo, o Amazonas, a escolha de quem vai viver e quem vai morrer já é uma realidade. E nessa escolha não nos iludamos, pois quem tem poder econômico sai na frente, inclusive para viajar para fora do estado procurando melhores recursos e atendimento. Do ponto de vista de desigualdade regional, não precisamos lembrar que o estado não se encontra na rica região do sudeste brasileiro.

Do ponto de vista racial, também não se encontra entre nos estados de maioria branca, caso do sul do país. Estes estados também viveram momentos difíceis e ainda não estão imunes, mas todas as experiências mais nefastas que pudemos assistir durante este período de pandemia esta se dando no Amazonas, de face indígena e negra.

Pegando o exemplo global, embora a pandemia tenha se iniciado na China, o vírus se disseminou na Itália como primeiro grande epicentro ocidental da pandemia, e assim os olhos preconceituosos ou solidários da imprensa branca e burguesa do mundo se voltaram novamente para o ocidente.

Mas e a África? Tenho ouvido com frequência que os africanos estão imunes à pandemia uma vez que pouca ou nenhuma informação nos é dado do continente africano. É como se a África não ficasse no planeta terra, ou como se, aos olhos da imprensa do ocidente, os africanos não existissem. As pouquíssimas notícias que chegam do continente é uma ou outra informação que vem da África do Sul. E os outros 53 países?

Olhando para o futuro e para a porta dos que sairão primeiro do inferno da pandemia percebemos que mais de 50 países já estão vacinando seus cidadãos. E sabe quantos países desses pertencem ao continente africano? Nenhum!

Infelizmente, toda esta tragédia que deverá deixar um saldo de milhões de vítimas em 2 anos na Terra servirá muito mais para refletirmos de como somos divididos de forma injusta e racialmente desigual neste planeta.

Os mais apressados dirão: mas e o Estados Unidos, país de maioria branca, que bate recorde e mais recorde de morte por Covid? Respondo: vai ver a cor e a origem da maioria dos que estão morrendo!

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jornalista CEO e presidente do Conselho editorial da revista RAÇA Brasil, analista das áreas de Diversidade e inclusão do jornal da CNN e colunista da revista IstoÉ Dinheiro

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