Raça indica: livros

Por: MÁRCIO BARBOSA

Zumbi – O Pequeno Guerreiro

Kayodê

Muitas crianças e adolescentes só conhecem o nome “zumbi” por causa dos filmes hollywoodianos e suas fábulas, cheias de efeitos especiais, sobre mortos-vivos, embora, desde o final da década de 70, com a crescente adesão ao 20 de novembro e com a Lei 10.639, a história de resistência dos quilombos e mocambos no Brasil venha conseguindo adentrar o ambiente escolar e despertar maior interesse entre os alunos. Zumbi, o Pequeno Guerreiro é um pequeno livro infantojuvenil que certamente pode oferecera crianças, pré-adolescentes, adolescentes e, por que não, adultos, uma abordagem reflexiva, e ao mesmo tempo divertida, da história de Zumbi dos Palmares. Partindo de uma interrupção no cotidiano de brincadeiras e liberdade dos pequenos Zumbi e Dandara, o livro traz à tona temas como amizade, afeto, autoestima, luta e paz. As magníficas ilustrações do saudoso Edmilson Quirino dos Reis são uma festa de cores para os olhos e para o imaginário, colocando leitores dentro de um universo bem peculiar, em que o nome “zumbi” é resgatado e ressoa como sinônimo de vida e renovação.

Maiores informações: www.quilombhoje.com.br

Casa de Portugal – Contos

Sergio Ballouk

Os apreciadores do samba-rock e do seu balé feito de trançados de mãos e braços, de giros e de ginga reconhecerão no nome Casa de Portugal um dos locais de prática da dança durante os fascinantes bailes de nostalgia em São Paulo. Alguns saberão que no terreno onde é hoje a Casa de Portugal ficava a sede da Frente Negra, na década de 30. No livro de contos de Sergio Ballouk, Casa de Portugal é ponto de partida, local de descobertas, aventuras e emoções. A prosa de Sergio tem um caráter urbano, de evocação de temas cotidianos e urgentes, quase como uma conversa animada num encontro de família, permeada com uma visão crítica e pitadas de fina ironia. Um dos destaques do livro é o conto “Avaliação”. Ousado e bem-humorado, o texto, publicado anteriormente em Cadernos Negros, conduz de forma segura e poética até um final surpreendente.

Maiores informações: ciclocontinuoeditorial.com

Racismo e Sociedade – Novas Bases Epistemológicas para Entender o Racismo

Carlos Moore

Compreender datas como o 13 de maio requer que entendamos também o papel que o racismo desempenha na história da humanidade e como a exploração dos povos africanos foi fundamental para o enriquecimento europeu e para a colonização do Brasil. A partir de uma extensa análise bibliográfica, o professor Carlos Moore nos dá, no livro Racismo e Sociedade, uma visão que extrapola as explicações às quais estamos acostumados. Mostrando como o fenótipo está presente nos fenômenos de dominação, aponta que a exclusão do“diferente”, do “estrangeiro”, estabelece estruturas históricas para a exploração do trabalho e acumulação de capital. Assim, a consolidação do racismo é que propicia a expansão da exploração capitalista. Carlos Moore, autor do celebrado Fela, é doutor em Ciências Humanas e seu livro Racismo e Sociedade é fruto de extensa pesquisa e traz profundos conceitos históricos e sociológicos, mas o texto é envolvente e pode ser lido com o mesmo interesse com que se leria um romance.

Maiores informações: www.facebook.com/nandyalalivrariaeditora

O Mundo no Black Power de Tayó

Kiusam de Oliveira

A menina Tayó, com a ajuda de sua mãe, descobre diversas maneiras de arrumar e enfeitar seu cabelo: usa laços, cordões, estrelas… A partir daí, com sua  autoestima lá no alto, ela consegue enfrentar aqueles colegas que acham que seu cabelo é “ruim”. Seu cabelo é redondo como o mundo, e nele ela pode carregar todas as suas histórias. Tayó tem orgulho de sua pele e de seus olhos negros. E é dessa maneira poética que a autora Kiusam de Oliveira nos fala de cultura e de autoaceitação, discutindo, neste belo livro, identidade e diferenças. Kiusam tem trabalhado muito nesse sentido e outro de seus livros, Omo-obá – Histórias de Princesas, recentemente precisou vencer ferozes resistências para mostrar a alunos a cultura que ajudou a formar o país em que eles vivem. Felizmente, muitas vezes a arte consegue vencer o imponderável. As ilustrações de O Mundo no Black Powerde Tayó são de Taisa Borges.

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