No último sábado (29/03), foi dada a largada do Campeonato Brasileiro de Futebol, um dos esportes mais populares do Brasil e do mundo. Talvez, por isso mesmo, um dos palcos mais utilizados ultimamente pelos racistas para cometerem seus crimes.
O racismo, (um dos problemas mais graves da humanidade no momento), tem sido intensamente propagado, particularmente nos estádios de futebol, transformando esses espaços de alegria e divertimento, em espaços de ódio e indignação.
É exatamente nesses espaços, onde a emoção se encontra a flor da pele, que racistas do mundo inteiro tem buscado popularizar e justificar este crime que a lesa humanidade, que é o racismo.
O mais curioso e chocante de tudo isso, é ver o Presidente de um dos clubes de futebol mais populares do planeta, o Flamengo, justificar a conivência da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) com o racismo, sob a justificativa de que o racismo não é tipificado nos demais países da Conmebol como crime.
Mais grave ainda é que o Flamengo tem como símbolo um urubu, exatamente por conta da reação de sua torcida as ofensas racistas da qual era vítima por parte dos seus adversários, que chamavam a torcida flamenguista de urubus, por conta da maioria da sua torcida ser composta por pessoas negras.
Nem mesmo essa tradição antirracista da torcida do Flamengo o seu Presidente respeitou. O pacto da branquitude na América Latina, do qual ele faz parte, falou mais alto.
Isso é o que podemos chamar, sem medo de errar, de apropriação cultural misturada com racismo institucional,
O argumento utilizado pelo Presidente do Flamengo chega a ser risível, para não dizer mentiroso, ao se recusar a assinar o manifesto da Libra (Liga do Futebol Brasileiro) em repúdio à fala racista do Presidente da Conmebol que afirmou em entrevista coletiva que: “A Copa Libertadores da América sem o Brasil, seria como o Tarzan sem a Chita, impossível”.
Até mesmo o governo brasileiro se manifestou, diante da gravidade do fato, repudiando veementemente a fala do Presidente da Conmebol
Mas, para o Presidente do Flamengo, nada demais ocorreu:
“Achei o discurso adequado e ponderado. É sempre importante lembrar que, em que pese o racismo ser algo odioso e que no Brasil é crime, nos outros 10 países da Conmebol não é. Eu entendo o desafio da Conmebol de lidar com 10 governos que não têm a visão que o brasileiro teve. Ele colocou muito bem que é um aspecto cultural. Para nós no Brasil é crime e para eles não”
Ou seja, para ele o fato de não haver medidas punitivas ao racismo em alguns países que fazem parte da Conmebol, o racismo deve ser tolerado e a reação deve ser ponderada.
É bom lembrar que o racismo é uma violação dos direitos humanos e liberdades fundamentais, proclamados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como, o racismo é incompatível com a ordem internacional que deve garantir o respeito aos direitos humanos, do mesmo modo que o racismo põe em risco a paz e a segurança internacionais.
Todas essas afirmações citadas acima estão inscritas em inúmeros documentos e acordos internacionais patrocinados pela ONU, que celebra o Dia 21 de março, como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. Sem falar na mobilização internacional que o jogador Vini Jr tem realizado mundo afora no combate incessante ao racismo nos estádios de futebol
Portanto, é uma falácia e um desserviço à luta pela igualdade racial, querer justificar o racismo como algo estritamente cultural e que deva ser tolerado, ainda mais no futebol.
Nesse sentido, esperamos que a edição do Campeonato Brasileiro de Futebol que ora se inicia, seja além do palco de grandes partidas, um palco privilegiado de combate ao racismo e de promoção da igualdade e do respeito à diversidade.
Racismo é crime, tem que ser combatido, punido e jamais acolhido.
Toca a zabumba que a terra é nossa!