Revista Raça Brasil

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Racismo não é opinião e agora também é crime de ódio na Espanha

O futebol sempre foi palco de emoções, vitórias, derrotas… e infelizmente, também de preconceito. Mas desta vez, algo diferente aconteceu. A justiça espanhola deu um passo que pode parecer pequeno num papel, mas é enorme na história: pela primeira vez, condenou oficialmente um grupo de torcedores por crime de ódio após ataques racistas contra o brasileiro Vinícius Júnior.

A decisão veio nesta quarta-feira (21), quando o tribunal de Valladolid homologou a sentença que responsabiliza cinco torcedores do Valladolid pelos insultos dirigidos ao jogador em 2022. Eles foram condenados a um ano de prisão (pena suspensa, com condições), ao pagamento de multa e estão proibidos de frequentar estádios ou exercer qualquer função educativa, esportiva ou de lazer por quatro anos.

Pela primeira vez, a justiça espanhola deixou de tratar o racismo como “ofensa moral” com agravante. Dessa vez, chamou pelo nome certo: ódio. E quando o sistema jurídico reconhece isso, abre-se um precedente poderoso — para que outros jogadores, outras vítimas, não precisem mais gritar sozinhos.

A cena aconteceu em dezembro de 2022. Vini Jr., então substituído em campo, se dirigia ao banco quando começou a ouvir os gritos que o marcariam para sempre: “macaco”, “filho da p***”, “negro de m****”. As palavras foram registradas em vídeo e rodaram o mundo, mas infelizmente, esse tipo de ataque não era novidade para ele.

Vini não reagiu com ódio. Também não quis dinheiro. Recusou qualquer compensação financeira e escolheu algo maior: resistir com dignidade. Em suas redes sociais, escreveu na época:

“Os racistas seguem indo aos estádios e assistindo ao maior clube do mundo de perto, e La Liga segue sem fazer nada. Seguirei de cabeça erguida e comemorando as minhas vitórias e do Madrid. No final, a culpa é minha.”

A sentença ainda é simbólica. Os réus não irão para a prisão de imediato — só se descumprirem as condições. Mas o que essa decisão representa vai muito além das grades. É o reconhecimento de que palavras machucam, marcam, humilham — e precisam ser combatidas com leis, com coragem, com empatia.

A La Liga afirmou que essa é uma vitória na luta contra o racismo no futebol espanhol. Mas quem realmente vence, aos poucos, é a humanidade.

Vinícius Júnior é muito mais do que um jogador talentoso. Ele é um jovem preto que tem usado a própria dor para abrir portas que pareciam trancadas há muito tempo. Que essa decisão seja o início de uma nova era — onde nenhuma forma de racismo seja tolerada como “opinião”, e toda forma de amor, respeito e justiça seja celebrada como vitória.

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