Por Bruno Deusdará
Episódio teria ocorrido após jogador do Londrina ouvir uma ofensa racista de um adversário. Caso foi registrado em súmula e em boletim de ocorrência mútuo.

Durante a partida entre Paraná Clube e Londrina, pela 4ª rodada do Campeonato Paranaense Sub-20, no último sábado (26), o zagueiro Matheus Costa, da equipe visitante, denunciou ter sofrido um ato de injúria racial. O episódio teria ocorrido aos 43 minutos do segundo tempo, após o terceiro gol do Paraná.
O árbitro foi informado por Carlos Eduardo de Melo, também jogador do Londrina, de que seu companheiro teria sido chamado de “preto” de forma ofensiva por Eduardo Orlov Ribas, número 22 do Paraná Clube. O árbitro não presenciou a ofensa, mas aplicou o protocolo antirracismo da FIFA, realizando o gesto simbólico com os braços cruzados em “X”. Pouco depois, Carlos Eduardo agrediu Eduardo Ribas com um soco na nuca, o que gerou nova confusão em campo e nos bastidores.
Clubes se manifestam com versões conflitantes
O Londrina Esporte Clube anunciou que repudia o ato racista denunciado por seu jogador. Afirmou prestar total apoio ao zagueiro Matheus Costa, que registrou Boletim de Ocorrência, e destacou que outros atletas testemunharam o caso. O clube informou ainda que encaminhará denúncia à Justiça Desportiva e criticou a nota oficial do Paraná, acusando o adversário de tentar inverter os papéis ao transformar a vítima em acusado.
Já o Paraná Clube também afirmou repudiar o racismo, mas declarou que não existem provas concretas de que seu atleta tenha cometido injúria racial, conforme descrito na súmula da arbitragem. O clube condenou ainda as agressões físicas sofridas por Eduardo Ribas e pelo registrou boletim de ocorrênciajunto ao jogador.
A Federação Paranaense de Futebol (FPF) declarou apoio ao combate ao racismo e elogiou o cumprimento do protocolo antirracismo pelo árbitro. A entidade reforçou que mantém campanhas educativas permanentes sobre o tema e condenou tanto a injúria racial quanto os atos de violência ocorridos na partida.
Dados alarmantes
O observatório de discriminação racial no futebol divulga, desde 2014, um relatório com denúncias e detalhamentos de casos de discriminação racial nesse esporte.
Em 2014, ano em que o relatório a publicação do relatório começou, foram registrados 36 casos de racismo no Brasil e no mundo. Cinco anos depois, em 2019, o número já estava em 159 casos. No ano de 2023, número de casos chegou a 250.
“Estou todo quebrado, mas não me arrependo de nada. Me arrependo de não ter batido mais nele.” Disse Carlos Eduardo, nas redes sociais, ao falar sobre o episódio.
O episódio reforça a urgência de mecanismos eficazes de combate ao racismo e à violência no futebol de base.