O cinismo e a hipocrisia de parte significativa da sociedade brasileira, está beirando a histeria criminosa. O que temos visto nas redes sociais no Brasil, nos últimos tempos é de arrepiar os cabelos.
A fala da ministra Carmen Lúcia, ao declarar o seu voto na decisão histórica do Supremo Tribunal Federal que responsabiliza as Big Techs pelos conteúdos criminosos são veiculados em suas plataformas, diz bem do que estamos falando.
Afirmou a Ministra – É preciso impedir que 213 milhões de pequenos tiranos soberanos dominem os espaços digitais no Brasil”.
É importante dizer que os “Tiranos soberanos” citados metaforicamente pela ministra, é uma referência aos governantes que exercem o poder de forma opressiva e cruel, sem respeitar as leis que regem a boa convivência humana.
E o nome disso é fascismo.
E a ministra Carmen Lúcia tem toda a razão. Há, no Brasil atual, a disseminação e tentativa de naturalização, além de estímulos desenfreados às manifestações mais sombrias e cruéis que habitam os seres humanos.
O racismo, a homofobia, a misoginia, a pedofilia, o sadismo e coisas que tais, são veiculadas nas redes sociais, (de forma intensa) como se fossem meras manifestações de opiniões, em que pese, essas manifestações serem tidas e havidas na maioria das sociedades humanas como manifestações criminosas.
Para determinados setores da sociedade brasileira, (quase sempre), homens brancos, ricos e conservadores, denunciar esses crimes e exigir o cumprimento a lei – é puro mi, mi mi.
Exemplo maior neste sentido, é o crime reiterado que o humorista Léo Lins vem cometendo diariamente nos seus espetáculos (apesar de condenado a 8 anos de prisão, por falas discriminatórias contra pessoas negras, idosas, obesas, portadoras de HIV, homossexuais, indígenas, nordestinas, evangélicas, judias e com deficiência).
Os cínicos de plantão chamam isso de “liberdade de expressão”.
O público adepto dessa teoria tem lotado as apresentações do comediante, para darem boas gargalhadas com o achincalhe, a discriminação e o sofrimento alheio. E ainda tem a pachorra de afirmar que tais manifestações são meras brincadeiras e que por isso mesmo não devem ser punidas.
A vítima da vez, do referido comediante, foi a cantora Preta Gil, que vem lutando, dramaticamente contra um câncer que tem devastado não só a sua vida como a dos seus familiares.
Uma atitude criminosa que mereceu o repúdio de milhões de brasileiros, liderados por inúmeros artistas de todas as áreas e matizes. Ainda bem, que há vida inteligente e sensível para além desse círculo de cultivadores da barbárie humana.
Daí a importância, tanto da decisão da juíza Barbara de Lima Iseppi, da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, condenando o Léo Lins quanto a do STF responsabilizando as Big Techs pelas postagens criminosas suas plataformas.
São decisões que devem ser saudadas. Até porque, em ambos os casos, o que nós temos são crimes. E crimes reiterados.
“As redes devem ser responsabilizadas pelas postagens ilegais se não retirarem do ar o conteúdo ilegal após receberem uma notificação extrajudicial dos envolvidos, sem necessidade de decisão judicial prévia”. (Agencia Brasil)
Não se iludam, os mesmos que defendem a “liberdade de expressão” nas redes sociais para discriminar, ofender, difamar e até mesmo matar o seu semelhante, são também os mesmos que defendem as milícias e o extermínio da população preta e pobre.
Não esqueçamos: Racismo é crime, seja ele recreativo ou não. Além de crime, é imprescritível e inafiançável, desde a Constituição Cidadã, promulgada em 1988
Do mesmo modo, que pedofilia, misoginia e homofobia, também são crimes, todos devidamente capitulados no Código Penal Brasileiro.
Importante repetir mais uma vez – não existe liberdade de expressão para o cometimento de crimes, sejam eles de que natureza for. Crime é crime e tem que ser punido.
Toca a zabumba que a terra é nossa!