Revista Raça Brasil

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Marina Silva/ Agência Senado

Racista e machista: senador manda ministra Marina Silva colocar-se no seu lugar

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Zulu Araujo

É Arquiteto, Mestre em Cultura e Sociedade e Doutor em Relações Internacionais pela UFBA. Ex-presidente da Fundação Palmares.

O Senado da República do Brasil, viveu um dos seus piores momentos, esta semana (27/05), quando da reunião da Comissão de Infraestrutura para discutir o licenciamento ambiental. 

Há muito tempo o Brasil não presenciava, ao vivo e a cores, dois senadores da república, expressarem, de forma tão clara, o seu ódio e desprezo por uma mulher negra, no exercício do seu cargo. 

Racismo, misoginia, grosseria e falta de respeito, foram a tônica dos senadores Marcos Rogério, do Partido Liberal e Presidente da Comissão de Infraestrutura, e o senador Plínio Valério (PSDB) do Amazonas (aquele mesmo que afirmou recentemente, que gostaria de enforcar a Ministra Marina, num evento realizado no Amazonas). 

Dessa vez, não apenas o senador Plínio Valério desrespeitou e agrediu  a Ministra Marina Silva, ao afirmar que “não a respeitava enquanto Ministra, como contou com a ajuda do senador Marcos Rogério, que além de cortar a palavra da mesma, de forma desrespeitosa, quando ela respondia a agressão, afirmou peremptoriamente que ela deveria “procurar seu lugar”. 

O racismo expresso nas palavras do senador Marcos Rogério, além de lamentável, revela o ódio que a elite branca sente quando confrontada em seus interesses, ainda mais quando essa contestação se dá por alguém de origem negra e mais ainda sendo mulher. 

Mas, a grosseria não parou por aí, foi secundada pela manifestação de misoginia extrema, vocalizada pelo senador Plínio Valério, que de forma reiterada e irônica, afirmou que não respeitava a Ministra, enquanto Ministra.

É muita falta de respeito. É muita sacanagem.  

Tudo isso, pelo fato da Ministra Marina não ter se intimidado com o tom arrogante e ameaçador que vários senadores estavam utilizando na sessão para discordarem das medidas que o Ministério do Meio Ambiente vem adotando em defesa da Amazônia. 

A cena de horror foi tão grotesca, que ao tentar defender suas posições políticas e se defender das agressões que estava sofrendo, a Ministra foi chamada de “mal educada” pelo senador Marcos Rogério e, não se fez de rogada, retrucando:

“Eu tenho educação, sim. O que o senhor gostaria é que eu fosse uma mulher submissa. Eu não sou. Eu vou falar”

Impressionante como o racismo e a misoginia caminharam juntos, nesse episódio. Lado a lado com o que existe de pior na elite e na política brasileira, sendo vociferados por dois homens brancos que deveriam representar o povo, mas que preferiram, (como o fazem costumeiramente) expressar de forma clara o seu ódio as mulheres, em particular a uma mulher negra. 

Quem assistiu as cenas, veiculadas por todos os veículos de comunicação, sentiu um misto de asco e indignação. A covardia dos dois machos brancos, destilando o seu ódio, foi intolerável e ofendeu, não apenas a Ministra Marina, mas todos aqueles que lutam por um país minimamente civilizado. 

Portanto, nada mais correto do que a decisão da Ministra em abandonar aquele ambiente impregnado de racismo e misoginia. Era a única forma de exigir respeito e decência, para quem não as possui. 

Que cenas como as que assistimos hoje, não se repita e que a civilidade e o respeito aos negros/as e as mulheres, se façam presentes na política brasileira. 

Toca a zabumba que a terra é nossa!

 

[Os textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Revista Raça].

 

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