Raízes: Maranhão, o paraíso da juçara

Por: FLÁVIA CIRINO

Milhares de litros de polpa mantém tradição da Zona Rural

Maracanã, bairro localizado na Zona Rural de São Luís, no Maranhão, entra para o calendário do estado, há 50 anos, nesta época, como o paraíso da juçara. A pequena fruta, chamada em outras localidades de açaí, tem vital importância no lugar, muito além dos milhares de litros da polpa vendidos anualmente pelos moradores. A produção da juçara é considerada uma verdadeira forma de expressão cultural, mantida e repassada de geração em geração, ao longo das décadas. Há 50 anos, a falecida ambientalista, professora, geógrafa, historiadora e engenheira agrônoma Rosa Mochel (1919-1985) deu início à Festa da Juçara. No começo as poucas barracas eram de pau a pique, cobertas de palha. As famílias se reuniam para produzir a juçara, em um processo artesanal, amassando no pilão ou no alguidar com o litro. A polpa era vendida natural e o cliente levava o
produto produzido na hora.

Com o passar dos anos, a festa ganhou um espaço próprio, o Parque da Juçara, que entre os dias 30 de setembro e 04 de novembro recebe milhares de visitantes em sua tradicional Festa da Juçara, evento que se tornou um dos mais concorridos do calendário cultural de São Luís, estimulando a cultura popular maranhense e incentivando a geração de emprego e renda para a comunidade do Maracanã.

Considerada pelos moradores locais como uma planta soberana, diz a tradição que a juçara deve ser a última refeição, não se comendo nada depois dela, nem mesmo água. E não precisa de muitas misturas para ser degustada.

Atualmente coordenada por uma associação, a festa ganhou inovação e modernidade sem perder a tradição, com atrativos da culinária maranhense e programação cultural local. Na edição deste ano, cerca de 60 mil pessoas passaram pelo evento, que contabilizou a venda de 15 mil litros de polpa da fruta por dia, comercializados nas mais de 50 barracas distribuídas na Arena Principal e Praça de Alimentação.