Relatório da ONU aponta aumento de células extremistas e cobra ação do governo brasileiro
Relatório divulgado nesta semana pelas Nações Unidas (ONU) alerta para o crescimento alarmante de grupos neonazistas no Brasil. O documento, apresentado pelo relator especial da ONU para racismo, Ashwini K.P., revela que o país tem testemunhado uma escalada preocupante no número de casos relacionados a ideologias de ódio, especialmente aquelas promovidas por células neonazistas. A informação foi publicada pela coluna de Jamil Chade no UOL.
O texto cobra do Estado brasileiro ações concretas, como investigações efetivas, responsabilização dos envolvidos e a criação de políticas públicas voltadas à prevenção da radicalização e do extremismo. O avanço desses grupos tem impactado diretamente populações negras, indígenas, LGBTQIAPN+ e imigrantes, que se tornam alvos preferenciais de discursos e ações violentas. A denúncia reforça a urgência de ampliar os mecanismos de denúncia, a educação antirracista e a fiscalização de conteúdos que promovem o ódio e a intolerância.
A pesquisa da antropóloga Adriana Dias, falecida em 2023, é citada como uma das principais referências sobre o tema. Segundo seus dados, entre janeiro de 2019 e maio de 2021, houve um crescimento de 270,6% nas células neonazistas no Brasil, que se espalharam por todas as regiões do país. No início de 2022, já haviam mais de 530 núcleos extremistas ativos, cujos membros disseminam discursos de ódio contra judeus, negros, feministas e a população LGBTQIAP+. Sem ações de repressão e punição, alertava Adriana, esses grupos encontram terreno fértil para se expandirem.