O No Lineup Festival fez sua estreia neste sábado (26), em São Paulo, com uma proposta ousada: entregar um festival inteiro sem divulgar quem subiria ao palco. O público só descobria as atrações na hora — e o resultado foi uma verdadeira celebração da pluralidade musical, com nomes que vão do rap ao indie, do soul ao rock.
Entre as surpresas mais marcantes, a presença de Mano Brown e Chaka Khan mostrou o poder da música preta em diferentes gerações. O líder dos Racionais MC’s fez o público ferver com sua fase solo, unindo funk e soul à energia característica de suas rimas. Todo de branco, Brown reuniu hits marcantes como “Mil Faces de um Homem Leal”, “Jesus Chorou” e “Vida Loka, Pt.2”, além de dividir o palco com Rael e Rincon Sapiência — um encontro que exaltou o legado e a continuidade da música negra no Brasil.
Logo depois, a lenda norte-americana Chaka Khan tomou o palco principal e deixou todos em êxtase. Aos 72 anos, a diva do funk e do soul provou que o tempo só potencializa o talento. Sua voz potente, os arranjos cheios de groove e clássicos como “Sweet Thing” e “I’m Every Woman” transformaram o espaço em uma pista vibrante, onde emoção e representatividade se encontraram.
“Ver Mano Brown e Chaka Khan na mesma noite é muito mais do que curtir música, é testemunhar história”, disse Laura Paola, 25, uma das participantes do festival. “É sobre se ver representada, sobre entender que nossa cultura tem força e merece palco.”
Além deles, o festival também trouxe nomes como o grupo britânico Panic Shack, a rapper norte-americana Tierra Whack e o trio brasileiro Metá Metá, que reafirmou o poder da experimentação e da identidade cultural brasileira.
O No Lineup, em sua primeira edição, mostrou que a surpresa pode ser revolucionária — e que a representatividade, quando ocupa o palco, transforma qualquer evento em um ato de celebração e resistência.
