Representatividades para as crianças negras

CRIANÇAS NEGRAS EM FASE ESCOLAR SEMPRE SE DEPARARAM COM A FALTA DE REPRESENTATIVIDADE NAS MOCHILAS, ITEM TÃO DISPUTADO E BADALADO NAS ESCOLAS E CRECHES. ATENTA A ESSA LACUNA, GEISA ANTUNES – FILHA DE MÃE NEGRA E PAI INDÍGENA – APROVEITOU PARA EMPREENDER.

“Há uma dificuldade imensa para encontrar produtos para nossas crianças negras, principalmente brinquedos. Nunca gostei da ideia de sempre que fosse procurar um presente para dar à minha filha, deslocar-me até a loja e ter fileiras e mais fileiras de produtos diversos para crianças não negras, e para crianças negras ter apenas três produtos no meio daquela imensidão de brinquedos de cor branca. Nossas crianças também precisam se ver ali representadas. Sempre quis fazer algo para transformar essa realidade e oferecer ferramentas que auxiliassem na construção de identidade.

Ela fazia estágio em pedagogia em uma pré-escola em Sorocaba (SP) quando teve a ideia de criar mochilas.

“Na turma havia apenas uma criança negra. Fiz a minha primeira mochila e levei para mostrar à professora responsável.

A aluna viu, parou tudo o que estava fazendo e disse com os olhos que brilhavam muito: ‘Tia! Ela se parece muito comigo, eu quero uma dessa’. Tive que guardar a mochila porque ela só queria passar a mão nos cabelos da boneca, por se parecer muito com os que ela usa.”

Geisa planejou seu empreendimento por seis meses e investiu seu salário, de R$ 550, para fazer as primeiras mochilas. Recebeu vários retornos positivos e pedidos de reforço identitário étnico-racial e de autoestima. Para sua surpresa, o negócio prosperou rapidamente.

“A maior dificuldade que tivemos foi atender a todos em um prazo tão curto, pois não esperávamos essa repercussão tão rapidamente. Persistimos e vencemos esse desafio.” As mochilas se destacam com estampas de meninas negras para promover representatividade com diferentes personagens e penteados com cabelos de fios sintéticos, desde tranças até marias-chiquinhas. A nova coleção, já em fase de produção, destacará também meninos e crianças com vitiligo.

Melanin, nome escolhido para a marca, não foi por acaso: em inglês, significa melanina. Atualmente Geisa produz em média 200 mochilas ao mês. Ela participa atentamente de todo o processo e conta ainda com cinco colaboradores, além de amparo jurídico.

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