Resistência dos negros é enredo da Rosas de Ouro do Carnaval 2023
Com assinatura do carnavalesco Paulo Menezes, a Roseira abordará desde a escravidão, até a intolerância e preconceito racial que seguem nos dias de hoje.
Acabou o mistério! A Rosas de Ouro anunciou, na noite desta quinta-feira (28), o enredo que levará para o Sambódromo do Anhembi em 2023. “Kindala – que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome” exaltará a luta, a força e as conquistas do povo negro através dos tempos, desde seus ancestrais escravizados até os dias atuais, com a incessante busca por igualdade e respeito. O tema será desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Menezes, que segue para o segundo carnaval consecutivo na escola.
Para o anúncio oficial, a Roseira divulgou um vídeo em suas redes sociais narrado pelo ator Aílton Graça, onde declama frases fortes como “…deram-lhe a sombra, o tronco, o castigo, mas ainda assim, não se calou…”, que ajuda a ilustrar a proposta que será abordada. (Link do Vídeo – https://fb.watch/eyNs7AMgAc/)
“Ao longo dos anos sempre existiu e segue existindo a tentativa por uma parte da sociedade de mascarar tudo o que o negro sofreu e precisou enfrentar. E hoje ainda sofre e enfrenta. É uma luta diária. É por isso que vamos colocar o dedo na ferida. Será um desfile com cunho social e de manifestação racial. Resgataremos inclusive as próprias raízes da escola, o bairro da Brasilândia. Podem esperar polêmica, por que vai ser impactante. Uma obra aberta, que será finalizada somente pouco antes de entrar na avenida, já que qualquer caso que possa ocorrer até lá será agregado ao projeto”, afirma Menezes, que também fala sobre o conceito adotado para a escolha do nome do enredo.
“A gente queria uma palavra forte e chegamos em kindala, que no idioma bantu significa “agora”. Mas como a proposta é mostrar desde a ancestralidade até os dias de hoje, também buscamos algo atual, e agregamos a frase “que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”, que é uma referência à música AmarElo, do Emicida, um artista que tem muita coisa pra falar e precisa ser ouvido”, explica o carnavalesco.
A presidente da Rosas de Ouro, Angelina Basílio, destaca a importância da temática escolhida pela agremiação, já que as escolas de samba são representantes históricos de resistência da cultura negra.
“Meu coração ficou extasiado com o enredo e com a mensagem que vamos passar na avenida. Lá atrás as escolas foram refúgio para uma cultura que era perseguida. Então nós, como sambistas, temos o dever de abraçar essa luta contra a intolerância, a desigualdade e o preconceito”, diz Angelina.
A Rosas de Ouro será a quinta escola a desfilar no Sambódromo do Anhembi, no dia 17/2 (sexta-feira) pelo Grupo Especial do carnaval de São Paulo.
Sobre a Rosas de Ouro
A Sociedade Rosas de Ouro foi fundada em 18 de outubro de 1971. Vencedora de sete títulos do grupo Especial do carnaval de São Paulo, a escola é uma das mais tradicionais da cidade. Atualmente é presidida por Angelina Basílio e além do carnaval, tem um forte trabalho comunitário com o projeto “Samba se Aprende na Escola”, que atende centenas de pessoas em situação de vulnerabilidade social.