Ministério Público cobra explicações da PM após cruz em chamas e gesto polêmico durante exercício; na ONU, ativista denuncia violência policial e racismo estrutural no Brasil
Nova York, 16 de abril. O Ministério Público de São Paulo solicitou explicações à Polícia Militar após a circulação de um vídeo que mostra policiais do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) colocando fogo em uma cruz de madeira durante um treinamento. As imagens, que incluem uma saudação considerada semelhante à nazista, geraram ampla repercussão e críticas por evocarem práticas associadas a grupos extremistas como a Ku Klux Klan (KKK).
Em nota oficial, a corporação alegou que se tratava de um “ritual de superação de limites físicos”, sem qualquer conotação religiosa ou ideológica. No entanto, especialistas e ativistas destacam que a simbologia da cruz em chamas carrega um histórico de violência racial. No Brasil, onde a letalidade policial afeta majoritariamente a população negra, o episódio reacende o debate sobre racismo institucional nas forças de segurança.
https://www.instagram.com/reel/DIfJoPbMDom/ (ver o vídeo)
Violência policial foi assunto no Fórum da ONU
Durante a abertura da 4ª Sessão do Fórum Permanente de Afrodescendentes da ONU, o especialista Antonio Isupério, da Anistia Internacional EUA, fez duras críticas à violência policial no Brasil.
“A polícia foi criada para reprimir pessoas negras escravizadas. Séculos depois, essa lógica permanece, agora adaptada, mas ainda com efeitos devastadores”, afirmou.

Isuperio destacou ainda que só em 2022 mais de 6,4 mil pessoas foram mortas por policiais no Brasil — sendo cerca de 80% delas negras, a maioria com até 29 anos.
“Isso não são incidentes isolados. São parte de uma engrenagem estatal que continua criminalizando a existência negra. Pedimos a este conselho que pressione por monitoramento internacional e exija responsabilidade do Estado brasileiro”, declarou.