Mais do que um livro, um chamado. Uma lembrança viva de que o racismo ainda separa histórias, vidas e oportunidades no Brasil. E, ao mesmo tempo, uma promessa: de que é possível resistir, transformar e imaginar um futuro diferente. Assim chega às mãos do público o novo romance do advogado, professor e escritor Daniel Tonetto, intitulado “A Cor que nos Separa” — uma obra que mistura dor, denúncia e esperança em páginas que ecoam verdades urgentes.
O lançamento acontece nesta terça-feira, 5 de agosto, em Santa Maria (RS), com uma ação solidária: a cada exemplar vendido, dois quilos de alimentos serão doados. É o tipo de encontro em que a literatura se une ao compromisso social, dando mais sentido às palavras que ocupam o papel.
Um século de histórias atravessadas pelo racismo — e pela esperança
Ambientado no interior do Rio Grande do Sul, o romance percorre um século — de 1962 a 2062 — para contar a saga de Stéfano Veras, filho de um tratador de animais e de uma benzedeira, nascido em uma fazenda marcada por tensões raciais profundas. Em torno dele, surgem personagens como a professora Suilnira, o Velho Becca e a menina Onira — figuras cheias de humanidade, dores e afetos.
A narrativa é um retrato sensível, mas firme, das feridas abertas pelo racismo estrutural e pelas desigualdades no Brasil. Ao mesmo tempo, é um grito de resistência, um tributo à luta por justiça e à força daqueles que persistem, geração após geração.
Literatura que toca feridas e desperta consciências
Daniel Tonetto não escreve de um lugar distante. Com mais de 250 júris de homicídios como advogado criminalista, ele conhece de perto o impacto real das injustiças — e transforma essa vivência em uma literatura que não suaviza as verdades, mas que também não desiste da beleza nem da empatia.
O jornalista Humberto Trezzi, que assina o prefácio da obra, descreve com precisão:
“’A Cor que nos Separa’ é um libelo contra o racismo. Daniel mostra maturidade e aprofunda sua verve literária com um texto que parte da sua aldeia para tocar feridas universais.”
Tonetto também vê na escrita um ato de reencontro:
“Lançar um novo livro é sempre uma chance de reencontrar as histórias que me habitam, os leitores que me acompanham e a fé de que a literatura ainda pode mover sentimentos e transformar realidades.”