Apesar de ter percorrido caminhos urbanos ao longo da vida, a premiada escritora Rešoketšwe Manenzhe se reconhece, antes de tudo, como uma aldeã. Essa identidade ecoa em seu romance de estreia, Errantes, que conquistou destaque internacional ao retratar, com sensibilidade, as cicatrizes da segregação racial na África do Sul dos anos 1920.
Muito antes do regime do Apartheid se instaurar oficialmente, políticas segregacionistas já impunham dor e rupturas à população negra sul-africana. Em Errantes, acompanhamos a trajetória da família Van Zijl, marcada pelas tensões provocadas pela Lei da Imoralidade, que proibia relações amorosas entre pessoas de raças diferentes.
Alisa, uma mulher negra, e Abran Van Zijl, um homem branco, vivem com suas duas filhas mestiças quando percebem as primeiras movimentações estranhas do governo. O que parecia ser uma lei distante começa a se infiltrar na intimidade da família — ao mesmo tempo em que crises conjugais e conflitos psicológicos já fragilizam o lar. A vigilância estatal se impõe, revelando um Estado que não admite o amor onde ele desafia suas regras.
Com um estilo lírico e envolvente, Manenzhe tece sua narrativa entrelaçando a realidade dura com elementos ritualísticos, mitos locais e uma profunda investigação da alma humana. Mais do que denunciar uma política racista, ela revela os efeitos silenciosos e devastadores dessa opressão sobre os afetos, os vínculos familiares e o senso de pertencimento. Errantes é uma história sobre deslocamento, resistência e a eterna busca por um lugar para chamar de lar.
O talento de Manenzhe como contadora de histórias já a tornou um nome aclamado na África do Sul — e tudo indica que sua voz está apenas começando a ecoar na literatura mundial.
“Delicadamente íntimo e universalmente ambicioso.” – The New York Times
“Rešoketšwe Manenzhe funde a tragédia das políticas segregacionistas da África do Sul com uma longa tradição folclórica.” – Publishers Weekly