De Dona Ivone Lara a Juliana Linhares, canções mostram como o samba expressa dor, espiritualidade e resistência desde suas origens negras e populares
O samba é uma das expressões culturais mais genuínas do Brasil. Como define o sambista, compositor e intelectual Nei Lopes, em sua obra Enciclopédia da Diáspora Africana:
“[…] Nome genérico de várias danças brasileiras e da música que acompanha cada uma dessas danças; modernamente, expressão musical que construiu a espinha dorsal e a corrente principal da música popular brasileira”.
Com raízes fincadas nos terreiros, nas cozinhas das senzalas e nas rodas dos subúrbios, o samba nasceu da resistência e da reinvenção cultural das populações negras escravizadas no Brasil. Assim como o gospel e o blues nos Estados Unidos, o samba se tornou um canal para sentimentos profundos: a dor do lamento, a força da fé e o grito do protesto.
Mais do que um gênero musical, o samba é uma linguagem política e espiritual. Em seus versos, expõe desigualdades, afirma identidades e preserva tradições de origem africana. Do morro ao asfalto, ele serve como canal de denúncia, oração coletiva e catarse emocional — traduzindo a experiência da população negra em forma de arte popular.
A seguir, reunimos músicas — clássicas e contemporâneas — que mostram essas três dimensões do samba:
🎭 Samba como Lamentação
- ♪ Folhas Secas – Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito
- ♪ Agô – Xande de Pilares (part. Leci Brandão)
- ♪ Nasci pra Sonhar e Cantar – Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho
- ♪ Meu Romance – Teresa Cristina
✨ Samba como Reza
- ♪ Canto das Três Raças – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro
- ♪ Saravá Meu Povo – Leci Brandão
- ♪ Ogum – Toninho Geraes (na voz de Zeca Pagodinho)
- ♪ Ijexá de Oxum – Luedji Luna
✊🏾 Samba como Protesto
- ♪ Opinião – Zé Keti
- ♪ Zé do Caroço – Leci Brandão
- ♪ Manifesto – Juliana Linhares (com outros autores)
- ♪ Identidade – Jorge Aragão, Nei Lopes e Dona Ivone Lara