Santa Josefina Bakhita

Conheça a história da Santa Josefina Bakhita

 

Texto: Oswaldo Faustino | Foto: Damisio Faustino | Adaptação Web Sara Loup

Santa Josefina Bakhita | Foto: Damisio Faustino

Santa Josefina Bakhita | Foto: Damisio Faustino

Conossianas , de veneza, na Itália, não chamava Deus de “Pai”, mas de “Patrão”. Talvez porque durante toda a sua vida, antes de adotar o cristianismo como religião, seus “patrões” sempre se postaram como os senhores absolutos de sua vida e morte.

Nascida em 1869, numa família de grandes posses da aldeia Olgossa, na região de Dafur, no Sudão, país africano de predominância islâmica, ela estava com 5 anos quando uma de suas irmãs foi raptada por traficantes de escravos, o que deixou seus familiares bastante abalados. Dois anos depois ela própria foi capturada e vendida no mercado de El Obeid, para um grupo de mercadores árabes.

Foram seus compradores que lhe deram o nome de Bakhita, como quem quisesse compensar os incontáveis sofrimentos e as humilhações que viveria a partir daquele momento. Ironia ou presságio, a própria menina assumiu aquele pseudônimo e nunca revelou o nome que os pais lhe deram.

Por várias vezes foi levada àquele mercado e ao de Cartum, e vendida a um novo “patrão”, até que foi comprada por um general turco, casado com uma mulher cruel que marcava suas escravizadas com cortes de navalha pelo corpo. Bakhita recebeu 114 navalhadas no peito, no ventre e nos braços. Depois, seus algozes esfregaram sal nos ferimentos. Seguiram-se dias e noites de febre causada pela inflamação das feridas, que por pouco não a levaram à loucura.

O caminho do cristianismo

Novamente levada ao mercado, desta vez foi comprada e doada a um rico comerciante, seu 7º patrão, que a levou para veneza para ser babá de sua filha recém-nascida, Mimina. Ao retornar para o Continente Africano, o comerciante deixou a filha e a babá, aos cuidados das freiras Canossianas. Nove meses depois, a mãe de Minima foi busca-las para leva-las para a áfrica, mas Bakhita tinha decidido ficar no convento, a despeito do afeto que nutria pela família, em especial pela pequena, e de essa ser a última oportunidade de rever seus familiares.

Aos 21 anos, ela é batizada, com o nome de Josefina Margarida Fortunata Bakhita. Ali se iniciavam os preparativos para também ela se tornar uma freira Canossiana, auto-denominadas “servas dos pobres”. Em dezembro de 1896 ela fez seus votos de pobreza, de obediência e de castidade.

A “Madre Morena” exerceu diversas funções humildes na sede da congregação. Removida para o convento de Schio, em 1902, exerceu ali também diversas atividades, por 45 anos. A vida exemplar da irmã Bakhita, seu sorriso constante, palavras de conforto e atitudes carinhosas cativavam a todos que se aproximavam dela. Conta-se que ela, ainda em áfrica, costumava olhar para o céu e, ao avistar a Lua e as estrelas, indagava-se: “quem será o patrão de todas essas coisas?”.

Porém, seu grande sonho, retornar a seu povo como missionária, não foi realizado.Os milagres atribuídos ao adoecer, aos 78 anos e cadeirante, continuou mantendo o mesmo humor, apesar das dores lancinantes. A morte a alcançou em 8 de fevereiro de 1947, e uma multidão compareceu à sua missa de corpo presente, seguida do sepultamento sob o altar do convento de Schio.

Imediatamente a fama de sua santidade se espalhou e iniciaram-se as romarias para apresentarem pedidos por sua intercessão. Muitos foram os milagres atribuídos a ela. Beatificada pelo papa João Paulo II, em 1992, dez dias depois, uma moradora na cidade paulista de Santos, depois de tentar inúmeros tratamentos para curar as feridas nas pernas provocadas pelo diabetes, orou pela intercessão dela, mencionando suas 114 chagas pelo corpo, quando ainda era escravizada.

Enquanto orava, a devota esfregava em seus ferimentos um “santinho” com a imagem da beata. Vinte e quatro horas depois a feridas estavam secas e cicatrizaram. Os próprios médicos admitiram que só poderia ser um milagre. Com base nesse fato, o mesmo papa a canonizou no ano 2000. Assim, Santa Josefina Bakhita se juntou à ainda pequena legião de santos e santas negros cultuados no Brasil. “é, pois é. O mais importante é a fé…”, como diz o samba Banho de Fé, de Arlindo Cruz, Sombrinha e Sereno, sucesso do grupo Fundo de quintal.

 

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