Saúde emocional da mulher negra na era das redes sociais

Por Leia Abadia

As redes sociais e as novas tecnologias permitem ao cidadão ter acesso a uma quantidade maior de informação em um curto período de tempo. Como esse processo não é seletivo, a maioria consegue ler e saber de vários assuntos. Conteúdos positivos e negativos, “fake news”, tutoriais e ataques de crime de ódio. E como isso impacta na saúde mental de todos que vivem esse novo momento no mundo?

Reflexo especificamente sobre mulheres negras, como os conteúdos sobre solidão da mulher negra, objetificação do sexo feminino, feminicídio são absorvidos por essas mulheres. O dia a dia de cada ser humano já tem os seus desafios naturais e, para as mulheres negras, o pacote de desafios tem o recorte de gênero e raça.

Sabemos que mulheres pretas e pardas ganham menos, trabalham mais, são preteridas nas questões de afetividade, são alvo do machismo e corremos risco de vida. Temos também menos acesso à terapia e processos de cura emocional. A sociedade tem o hábito de naturalizar a brutalidade no dia a dia das mulheres pretas, e ainda incentivá-las a seguir. Poucas mulheres pretas recebem apoio ou ajuda emocional, e nos últimos 10 anos mais e mais informações como essas são jogadas para esse grupo pelos meios de comunicação, que falam sobre agressão e tudo isso gera dor, mágoa e sentimento de solidão.

Algumas escolhem não ler, não saber dessas informações, e nós as compreendemos, porque não é fácil ler matérias sobre violência contra mulher preta e sentir na pele essa dor.

E o que devemos fazer como mulheres pretas, para tratar nosso emocional e nos proteger dos impactos negativos e sensações de angústia? Um recurso muito usado é o aquilombamento! Procurar espaços criados por Manas Pretas para falar sobre tudo isso, e todas do mesmo lugar de fala. Só uma mulher negra para compreender a dor de outra mulher negra, e transformar isso em afeto. O autocuidado também é muito recomendado, usar o empoderamento estético como ferramenta de cura funciona muito bem. Chame uma amiga preta para fazer as unhas, arrumar o cabelo, trocar confidências e rir muito! Buscar lazer em espaços seguros. Hoje temos alguns poucos espaços como salão de beleza para mulheres negras, onde temos nossa estética validada e não questionada. E, como melhor proposta de cura, buscar uma psicóloga negra; estudos recentes mostram que profissionais de psicologia não pretos não compreendem a complexidade das dores que o racismo causa na vida das pessoas negras. Fique alerta e se cuide.

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