O apito ainda nem havia soado, mas a partida entre Bahia e Nacional (URU), pela Libertadores, já carregava um peso que ia além do futebol. Antes da bola rolar, jogadores dos dois times se reuniram no centro do campo para um minuto de silêncio contra o racismo, ação que vem sendo promovida pela Conmebol em todos os jogos do torneio.
A intenção era clara: uma pausa para lembrar que, mesmo em um ambiente tão apaixonado quanto o futebol, não há espaço para o racismo. Mas a resposta, pelo menos de parte da torcida uruguaia, seguiu por outro caminho. Durante o momento de silêncio, vaias foram ouvidas no estádio.
Logo em seguida, um novo minuto de silêncio foi respeitado, dessa vez em homenagem ao ex-goleiro Manga, que morreu na última terça-feira (9), aos 87 anos. Ídolo de clubes como Botafogo, Internacional e também do próprio Nacional, onde jogou entre 1969 e 1974, Manga foi aplaudido com entusiasmo. Faixas com seu nome estavam espalhadas nas arquibancadas.
O contraste entre os dois momentos foi inevitável. Em um intervalo de poucos minutos, o estádio testemunhou tanto o desrespeito a uma causa urgente quanto o reconhecimento a uma figura histórica. Um lembrete de como o futebol ainda reflete, e revela, muito do que somos fora das quatro linhas.