Símbolos e representatividade na Câmara dos Deputados

Você já deve ter ouvido falar na bancada ruralista, aquele agrupamento de deputados dos mais diversos partidos, que, em dado momento, se juntam para defender pontos em comum e votam conjuntamente em defesa de seus interesses. Talvez tenha escutado falar da bancada evangélica e até mesmo da bancada da bala, que defende mais armamento, policiais e corporações militares, e assim por diante.

Mas, provavelmente, você tenha ouvido pouco da bancada negra. O grupo é novo e reúne diversos deputados dos mais diferentes partidos e tendências políticas e ideológicas, mas parte de um ponto de vista em comum: todos se autodeclaram pretos ou pardos e se posicionam conjuntamente na luta contra o racismo.

A bancada nasceu forte, conta com mais de 100 parlamentares e é composta por nomes de peso como o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), veterano na política em Brasília, que já foi ministro dos Esportes. Tem outra veterana na Casa, Benedita da Silva (PT-RJ), que já chegou a ocupar o cargo de senadora e governadora pelo estado do Rio de Janeiro.

Mas a diversidade da bancada não para por aí. O grupo conta também com Erika Hilton (PSOL-SP), primeira deputada negra trans, e outros inúmeros deputados.

Em minha passagem por Brasília, tive a oportunidade de visitar o Congresso e conversar com o presidente da bancada, o deputado federal Damião Feliciano (União-PB), autor do projeto que criou o grupo. O encontro também foi acompanhado pelo deputado federal Orlando Silva, e pude entender a importância e a pluralidade da bancada, que já tem programadas várias ações para essa legislatura.

Em sua fala, o deputado Feliciano pontuou a defesa incondicional das ações afirmativas no Brasil e a manutenção incondicional da política de cotas nas universidades brasileiras – e lembrou que, desde que a lei foi instaurada no Brasil, mais de um milhão de negros tiveram a oportunidade de frequentar uma universidade graças a este sistema, que oferece mais diversidade ao mercado de trabalho brasileiro.

Mas o parlamentar também reforçou que ainda a muito a se fazer. “Veja o caso de racismo que uma porta-bandeira havia sofrido recentemente no aeroporto de Brasília, pouco depois de ser homenageada na Câmara dos Deputados”, lembrou.

Para o deputado federal Orlando Silva, a criação da bancada é mais uma conquista na luta pela igualdade em nosso país, ao lado da aprovação do feriado de 20 de novembro. O ex-ministro destacou que a bancada mostra que “símbolos e representatividade importam na construção de uma sociedade antirracista”.

Em um momento em que novamente as ações afirmativas, e principalmente as cotas raciais nas universidades, começam a receber fortes ataques de setores atrasados da sociedade brasileira, o encontro com os dois parlamentares de peso em Brasília, e as palavras expostas por eles, servem como alento pelo que parece vir por aí.

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