Staatsballet assume comportamentos racistas e readmite a primeira bailarina que os denunciou

“Penso ter criado um precedente e que a partir de agora os dançarinos sejam ouvidos, pelo menos assim o espero”

Chloe Lopes Gomes, primeira bailarina negra a ingressar na Staatsballet Berlim em 2018, denunciou uma das suas duas professoras por racismo e depois disso, seu contrato foi encerrado antes do prazo. Após entrar com uma ação judicial a bailarina foi readmitida e recebeu uma compensação financeira de 16 mil euros pelos oito meses que passou sem trabalho, recebendo apoio de pessoas e organizações de todo o mundo.

Chloe, de 29 anos, alegou ter sido vítima de comentários racistas de uma professora de ballet desde a sua chegada à maior companhia da Alemanha, além de ser obrigada a usar pó branco para clarear a pele teve que ouvir várias chamadas de atenção racistas, “ não consegue evoluir como os outros”. 

Os colegas assistiam a todos os episódios e a bailarina denunciou-os à companhia, mas foi após uma entrevista ao jornal The Guardian que as denúncias começaram a ser levadas a sério, principalmente porque Chloe foi dispensada, alegadamente devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.

Após oito meses, a companhia e Chloe chegaram a um acordo, “é sempre bom quando se pode chegar a um acordo fora do tribunal, mesmo que seja triste que tenha chegado a isto”,  Chloe afirma também  que essa é uma pequena vitória, mas que já é um grande passo para o mundo do ballet. 

A exposição do caso gerou um debate nas redes sociais e comunicação social sobre a luta contra a discriminação no ballet clássico onde a maioria dos bailarinos são caucasianos.

A diretora em exercício da Staatsballett, Christiane Theobald, afirmou que o que aconteceu com Chloe serviu de alerta e que a empresa aplicou “uma política de tolerância zero em relação ao racismo e a todas as formas de racismo”.

A este propósito, anunciou que foi iniciada “uma transformação estrutural com o objetivo de colocar a independência, a colegialidade e a liberdade artística no centro de todo o processo de trabalho da empresa”.

Para Chloe Lopes Gomes, esta foi “uma pequena vitória, mas um grande passo para o ballet, especialmente para a Alemanha”.

A dançarina considera positivo que “a companhia de dança reconheça os seus erros” e admite que as suas denúncias possam ter criado um precedente.

Graças às denúncias de Chloe, a Staatsballett Berlin criou, em dezembro de 2020, um gabinete do provedor de justiça para todos os trabalhadores, junto do qual estes podem relatar anonimamente experiências que tenham tido ou testemunhado de comportamentos discriminatórios.

Segundo Chloe Lopes Gomes, quando começou a sofrer as primeiras atitudes discriminatórias ainda tentou resolver o assunto internamente, mas a diretora, Christiane Theobald, “não tomou as medidas necessárias” e “continua a desempenhar impunemente as suas funções”.

Não tive outra escolha senão revelar a minha história para assistir a uma mudança profunda”, referiu.

Durante esse período, Chloe recebeu apoios “de todo o mundo” que incluíram associações como o movimento ativista internacional Black Lives Mater ou a plataforma Blacks in Ballet, que divulga a arte dos dançarinos negros.

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