Entre batidas quentes do funk e a sofisticação do violino, nasce um som que ninguém esperava. É com essa mistura improvável que Ster do Violino tem conquistado o público e quebrado preconceitos. Jovem, ousada e dona de uma identidade única, ela acaba de lançar o EP Funk Erudito, após brilhar no Rock in Rio de 2024 e assinar contrato com a Warner Music Brasil.
A paixão pelo instrumento veio cedo, influenciada pela mãe, professora de música, e até por filmes da Barbie. O violino, conhecido como um dos instrumentos mais difíceis do mundo, virou seu companheiro de expressão. “Sempre gostei de fazer coisas diferentes. Nunca gostei de seguir padrões. Gosto de ir na contramão do mundo, de criar tendências”, diz ao Correio.
Foi ao perceber o violino em produções de hip-hop internacional que Ster teve a ideia de unir sua paixão pela música clássica ao ritmo pulsante do funk brasileiro. “Essa fusão nasceu da vontade de ouvir algo que eu nunca tinha escutado. Quero mostrar que pode nascer algo lindo de uma mistura que ninguém esperava.”
Em seus vídeos no YouTube, começou a gravar covers de hits populares com o violino. Até que, em uma das experimentações, resolveu juntar o instrumento ao funk. O resultado? “Deu vontade de dançar e ao mesmo tempo fechar os olhos. Foram sensações diferentes”, lembra.
Mas inovar tem seu preço. Ster lida com críticas de quem acredita que o funk “não combina” com o violino ou que a música clássica perde sua essência ao se misturar. Já ouviu até comentários como: “Mozart deve estar se revirando no túmulo.” Ela rebate:
“Quando as pessoas vão ouvir música de fora, muitas vezes nem entendem a letra — e mesmo assim consomem, mesmo que fale das mesmas coisas ou até piores. A música é sobre vida, sobre experiências. Se não gosta, é só não ouvir. Mas não dá para dizer que é errado.”
No palco, Ster não só toca: canta, dança, compõe e produz. Suas inspirações vão de Anitta a Paganini, passando pela violinista Hilary Hahn. Com essa versatilidade, ela busca dar ao funk o mesmo reconhecimento cultural que o samba, o pagode e a bossa nova já conquistaram. “Quero que o funk seja visto como algo nosso, que dá orgulho de ser brasileiro.”
Mais do que um experimento musical, Ster enxerga seu trabalho como um manifesto artístico. “Eu fico muito feliz que muitas pessoas que não gostam de funk gostaram da minha música. Isso mostra que é possível ampliar horizontes e quebrar preconceitos.”
Ansiosa pelo futuro, a artista acredita que seu Funk Erudito pode abrir caminhos para outros jovens ousarem em suas criações. “Quero ser sempre essa artista que surpreende. Que mistura, que reinventa, que dá voz àquilo que parecia impossível.”