Atrizes de Vale Tudo revelam em entrevistas recentes como o racismo estrutural e a desigualdade social marcam suas histórias pessoais e profissionais
Mesmo com mais de 30 anos de carreira, Taís Araújo afirmou recentemente que ainda sente medo da escassez. Em entrevista à imprensa, a atriz — atualmente no ar como Raquel Acioli no remake de Vale Tudo — declarou que não recusa trabalho, mesmo sem nunca ter passado necessidade extrema. Esse sentimento, segundo especialistas e vozes da comunidade negra, é reconhecido como um medo ancestral, enraizado na memória coletiva de um povo historicamente submetido à precariedade e à exclusão.
No último fim de semana, Bella Campos, que interpreta a filha de Raquel na novela, também compartilhou sua experiência de vulnerabilidade durante o quadro de Luciano Huck. Com lágrimas escorrendo, relembrou o início da carreira como modelo, algo que não escolheu por pura sobrevivência. “A gente tinha que decidir se ia pagar a conta de luz, o aluguel ou fazer compras no supermercado”, relatou a atriz, visivelmente emocionada. O primeiro trabalho como modelo, que pagava R$ 600, era equivalente ao que recebia por mês em um café na sua cidade natal.
Apesar das trajetórias distintas, as falas de Taís e Bella revelam um ponto em comum: o impacto do racismo e das desigualdades sociais que ainda mantêm a população negra — sobretudo as mulheres — na base da pirâmide econômica brasileira. São histórias que retratam não apenas desafios individuais, mas a persistência de um sistema que impede que talentos negros prosperem com a mesma liberdade e segurança que outros grupos.
Esses relatos, vindos de duas das atrizes conhecidas e em destaque neste momento, ecoam como alertas sobre a urgência de políticas públicas que garantam igualdade de oportunidades. Ao dar voz às próprias dores, Taís Araújo e Bella Campos também reforçam a importância da representação e da denúncia, mesmo dentro dos espaços conquistados.