Todos somos um pouco Davi. E tentamos diariamente não sermos Leidy.
Existem momentos em nossas vidas em que somos um pouco Leidys: somos meio cegos e damos moral para aquela amiga racista, ou andamos com pessoas brancas para se enturmar. Conhecemos alguém que faz piadas racistas, mas achamos que não vale a pena discutir. A mulher negra (principalmente) é colocada o tempo todo em posição de defesa pela sociedade, e para não ficarmos sozinhas, nos vemos naquele momento de Leidy, com a síndrome de que é a princesa Isabel quem irá nos levar para nossa grande Vitória.
O verdadeiro desafio é nos libertamos desta síndrome.
O que vem acontecendo todos os dias com o Davi nada mais é do que um retrato da nossa infância, onde íamos para a escola, a fonte de todas as piadas (no caso dele, de todas as intrigas); é o retrato do nosso ambiente de trabalho, onde até os nossos acham que devem pisar em cima de nós para subir; é o retrato da dor que sentimos ao entrar em um local em que todos nos olham como animais de circ, e dependendo do local, até se levantam.
O que ocorre com o Davi é o que ocorre comigo, com você e com 56% da população de forma gritante e estrondosa, mas sem a mídia mostrar.
Mas assim como Davi, nós também precisamos acordar no dia seguinte para correr atrás do nosso prêmio, precisamos engolir por diversas vezes o choro que está engasgado em nossa garganta. O grito que está entalado.
Ser como a Leidy não te faz menos batalhador, mas põe em cheque o seu caráter, te tira aquilo que vários Davis vem lutando e trabalhando para ser romper na sociedade. Acho que por isso as imagens dos últimos acontecimentos chocam tanto. Porque no BBB de nossas vidas, talvez já tenhamos sido Leidys, servindo e defendendo alguma Brunet por aé. Mas será que em algum momento do jogo ela irá acordar?
Deixo então a reflexão para você que está lendo este artigo. Hoje você está sendo Leidy sem se quer perceber assim como ela, ou esta sendo Davi lutando pelo mínimo de respeito?