Tudo que Mateus Aleluia põe a mão é uma bênção

Espetáculo em vídeo com Mateus Aleluia será lançado nesta sexta-feira (18). Projeto promove diálogo entre música e fotografia

Segundo a Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, de Nei Lopes, publicada pelo Selo Negro, o verbete “bênção”, significa “no jogo de capoeira, golpe deferido com a sola do pé em qualquer parte do corpo do adversário, preferencialmente no peito”. É também, segundo os dicionários da língua portuguesa, o ato de benzer, de consagrar ao culto divino. Em ambos os casos, a palavra serve para descrever a sensação ao assistir os primeiros minutos do espetáculo em vídeo, a ser lançado nesta sexta-feira (18), pelo Instituto Moreira Sales, intitulado, “Espíritos sem nome”, com Mateus Aleluia.

Inspirado na exposição do fotógrafo baiano Mario Cravo Neto (exposição em cartaz até 24 de abril no IMS Rio), o vídeo estará disponível, a partir de 18 de fevereiro no YouTube do IMS e promove o encontro entre a música e a fotografia. 

Conhecido por sua atuação no grupo Os Tincoãs nas décadas de 1960 e 1970, Mateus Aleluia construiu também, carreira como músico e pesquisador. Nos últimos anos, lançou vários álbuns solo, incluindo Afrocanto das nações, em 2021. Para este novo projeto, debruçou-se sobre a produção de Mario Cravo, também muito associada à cultura e à religiosidade baiana.

No espetáculo, “Espíritos sem nome”, Mateus Aleluia canta, acompanhado do violão e do atabaque e vai construindo uma conexão estreita entre o seu trabalho e o do fotógrafo Mario Cravo Neto. Segundo os organizadores da exposição, além da esfera temática associada à terra natal, há diálogos no campo formal. A iluminação do espetáculo, por exemplo, se associa aos jogos de luz e sombra explorados no trabalho do fotógrafo.

Para Juliano Gentile, curador de música do IMS e idealizador da série, o vídeo busca remeter à “atmosfera em que trabalhava o fotógrafo, experimentando técnicas e formatos”. Ao longo da performance, as imagens de Mario Cravo são projetadas ou tomadas como inspiração, em diálogo com o som. A fotografia, assim, foge do papel de ilustração, funcionando como “fonte para a composição da cena, que se vale de abordagens mais inusitadas e menos hierarquizadas entre as duas artes, tomando a arquitetura do IMS Rio como um terceiro elemento”.

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