Revista Raça Brasil

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Um legado de luta e resistência: Paulo Paim deixa a política

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Mauricio Pestana

CEO do Grupo Raça Comunicações. Jornalista, publicitário, cartunista e escritor, referência no país e no exterior no que diz respeito à produção de materiais didáticos nas áreas de diversidade, cidadania e direitos humanos. Foi secretário de Promoção da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo e, atualmente, é diretor executivo da Revista Raça.

O Senado brasileiro perde um de seus mais ilustres membros. O senador Paulo Paim (PT-RS) anunciou oficialmente que este será seu último mandato, deixando um vazio. Aos 75 anos de idade e 40 de vida parlamentar, Paim deixa um legado de luta e resistência que será difícil de ser igualado.

Nascido no Rio Grande do Sul, uma das regiões mais racistas do Brasil, Paim enfrentou obstáculos desde cedo, mas nunca se deixou intimidar. Como jovem negro gaúcho, ele se tornou uma voz poderosa na defesa da igualdade e da justiça social. Sua trajetória é um exemplo inspirador de como a determinação e a coragem podem superar as barreiras do racismo e da desigualdade.

Paim se notabilizou como político pela defesa intransigente da igualdade, da luta antirracista, dos idosos e pessoas com deficiência. Ele foi um dos principais defensores da Previdência e da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), e lutou contra a “pejotização” e a precarização das relações de trabalho.

Paim iniciou sua militância ainda estudante e se tornou importante liderança operária gaúcha, sendo eleito em 1981 para a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas. Ocupou pela primeira vez uma cadeira na Câmara em 1987 como deputado constituinte. Após quatro mandatos consecutivos, foi eleito senador em 2002 e, desde então, vem sendo reeleito pelo povo gaúcho.

Dentre as muitas conquistas que acumulou nesses anos de dedicação ao trabalho parlamentar estão o Estatuto da Igualdade Racial e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Também é de sua autoria projeto de lei aprovado pelo Senado que renova e amplia a política de cotas no serviço público, estendendo-as também para povos indígenas e comunidades quilombolas.

A saída de Paim da política é um golpe para a luta antirracista e para a classe trabalhadora brasileira. No entanto, seu legado continuará a inspirar gerações futuras de lutadores pela justiça social e pela igualdade. Como ele mesmo disse, “a luta continua”.

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