Uma onda de crises, um mar de oportunidades

Eduardo Alves de Oliveira

Este foi o ano de 2020! Neste ano o carnaval não foi apenas responsável por iniciar o ano, foi também o responsável por fechar todo o momento de suposta harmonia que teríamos até então. Muito embora as circunstâncias tenham sido desanimadoras, há uma série de aspectos positivos para considerarmos. Tivemos a oportunidade de vivenciar um sentimento coletivo diferenciado. Percebemos a armadilha da desigualdade social na qual ainda estamos caindo, onde permanecer dentro de casa raramente significa aconchegar-se em um lar. Nossos lares são menos doces e isso nos cobrou um preço. Percebemos que a ausência de cuidado com a população vulnerável fez dela o elo mais fraco da corrente, que simplesmente quebrou. Este ano nos deixa algumas opções, uma delas é olhar para trás e ver a onda de crises que nos assolou: aspectos sanitários, políticos, sociais e econômicos.

Talvez, até mesmo, com um olhar estarrecido, sabendo que há algo ainda por vir. Contra isso, nossas armas são máscaras, álcool em gel, isolamento social e empatia. Nossa outra opção é olhar para o mar, um mar de oportunidades que acompanha a crise: processos seletivos direcionados exclusivamente a estudantes negros, empresas com metas para contratação de negros, um dos primeiros fundos de escola sendo formado para custear alunos negros, executivos importantes envolvidos com a pauta racial, propagandas mais escuras, desfiles com outro tipo de beleza e horizontes com outras cores.

O ambiente de respaldo que determinou que esse posicionamento é o correto e permitiu que pessoas passassem a trabalhar em prol disso e o contrário passasse a ser tido como errado. Estamos redefinindo o certo! Temos agora um arco-íris de aliados. E a luta é para que a paz positiva prevaleça e que as tensões sejam discutidas e solucionadas; assim, haverá evolução. Foi importante ter esportistas que demonstraram consciência sobre este tema. De fato, seria uma vantagem ter mais brasileiros encorajados, já que somos uma potência no esporte. Principalmente, naqueles em que o poder econômico não é fator determinante para o sucesso. Que as vitórias e as manifestações do Hamilton sejam exemplos. Que ainda mais pessoas entendam que para que o mal prevaleça, basta que os bons não façam nada.

Em relação à política, encerramos muito bem o cenário mundial. Não por conta de quem foi derrotado, mas por conta de quem foi vitoriosa: Kamala Harris, uma mulher negra, vice-presidente dos Estados Unidos da América. No Brasil, também tivemos a oportunidade de optar por algo melhor e sinalizar o que queremos. Agora a oportunidade é de eleger um propósito diferente. Somos bons em falhar em dar sentido a isso. Certamente, as eleições funcionaram como uma avaliação proposta pelo inusitado ano de 2020 e a pergunta que  fica é: será que algo foi aprendido?

EDUARDO ALVES DE OLIVEIRA – Doutor e Mestre em Contabilidade e em Controladoria na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Advogado, graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (Mackenzie). Contador, graduado em Contabilidade pela FEA-USP. Atua em consultoria tributária para indústria financeira na PwC.

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