Revista Raça Brasil

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Vassouras abre museu que resgata a história de formação do povo brasileiro

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Mauricio Pestana

CEO do Grupo Raça Comunicações. Jornalista, publicitário, cartunista e escritor, referência no país e no exterior no que diz respeito à produção de materiais didáticos nas áreas de diversidade, cidadania e direitos humanos. Foi secretário de Promoção da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo e, atualmente, é diretor executivo da Revista Raça.

Existe uma História do Negro e da África sem o Brasil, não existe História do Brasil sem a presença do Negro. Vassouras inaugura importante museu.

A cidade de Vassouras, no Vale do Café, está inaugurando, no próximo dia 30, um museu que promete resgatar parte do legado e contribuição negra, indígena e branca para nossa formação como nação brasileira. O Museu Vassouras, iniciativa do empresário Ronaldo César Coelho, é um projeto ambicioso que visa celebrar a história da região no período em que foi um dos polos econômicos mais importantes do mundo, destacando a importância da cultura dos povos que são a nossa essência, iniciativa mais que louvável em um momento de tanto divisionismo em nosso país.

Com investimento de dezenas de milhões de reais, o museu foi construído em um casarão histórico do século XIX, que abrigou o Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vassouras. O projeto inclui visitas programadas de escolas e um amplo espaço dedicado à educação, com acompanhamento permanente de profissionais de ensino.

O Museu Vassouras vai se debruçar sobre a identidade dos indígenas, dos escravizados e portugueses, que se misturaram no Vale do Café, dando origem a figuras históricas importantes, como Eufrásia Teixeira Leite e Mariana Crioula e Manuel Congo, os dois últimos escravizados que organizaram uma rebelião em 1838 e fundaram o primeiro quilombo da região.

A iniciativa de Ronaldo César Coelho é revolucionária e demonstra seu compromisso com a preservação da história e cultura da região. “Precisamos celebrar a cultura desta região, que no século 19 era a síntese do Brasil mestiço”, disse Ronaldo. O Vale do Café, que era uma região economicamente próspera, responsável por produzir 75% do café consumido no mundo e isso tudo era tocado basicamente com a mão de obra de escravizados, essa história precisa ser resgatada, contada e preservada para futuras gerações.

Além do museu, Ronaldo também restaurou um memorial que guarda os restos mortais de dois homens judeus, enterrados em 1859 e 1879, que eram proibidos de serem enterrados em cemitérios católicos. Essa iniciativa demonstra a importância de preservar a história e cultura de todos os povos que contribuíram para a formação do Brasil.

O Museu Vassouras promete ser um divisor de águas para o turismo na região e um importante espaço para a preservação da história e cultura negra no Brasil. Com sua inauguração marcada para o próximo dia 30, o museu está sendo aguardado com grande expectativa pela comunidade e pelos turistas.

A cidade de Vassouras, que tem como sede a Universidade de Vassouras, referência em cursos como medicina, engenharia e pedagogia, também tem tido um olhar para a questão étnica; concedeu apenas três títulos de doutor Honoris Causa em quase sessenta anos de história, sendo que o último foi dado a este colunista pelo reconhecimento do meu trabalho na defesa da diversidade e inclusão negra nas empresas.

O Museu Vassouras é um exemplo da iniciativa empresarial e cultural, que pode inspirar outras cidades e regiões a preservar sua história e cultura. Com sua inauguração, o museu promete ser um importante espaço para a reflexão e discussão sobre a importância da cultura negra e dos povos originários na formação do povo brasileiro.

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