Vereadora e liderança do movimento negro, Marielle Franco é assassinada a tiros no centro do Rio
Marielle Franco (PSOL) foi eleita vereadora do Rio em 2016 com a quinta maior votação Foto: Marielle Franco/Facebook
A vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) foi morta a tiros na noite desta quarta-feira, 14, dentro de um carro na região central carioca, quando ia de um evento para casa.
O motorista do veículo também foi assassinado. Ela, de 38 anos, ficou conhecida como militante do movimento negro e de direitos humanos, com denúncias recentes de violência policial contra moradores de favelas no Rio.
O motorista foi identificado como Anderson Pedro Gomes, de 39 anos. Após ser atingido pelos tiros, ele ainda conseguiu trafegar cerca de 30 metros. No local, há uma câmera da Companhia de Engenharia de Tráfego, mas ainda não se sabe se o equipamento estava funcionando.
No veículo, também estava Fernanda Chaves, assessora parlamentar de Marielle, de 43 anos. Ela foi atingida por estilhaços e levada para o hospital. Nesta quinta, no início da madrugada, ela já havia sido liberada e prestava depoimento à polícia.
No local do crime, havia grande concentração de pessoas – várias delas bastante abaladas. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que estava no local do crime na noite desta quarta, disse que as características da morte “são muito nítidas de execução”.
Onde foi
Três pessoas estavam no carro no momento do ataque
Segundo ele, porém, nem a família nem os amigos tinham informações sobre possíveis ameaças contra a vereadora. “Cabe à polícia investigar. Esse é um crime contra a democracia.” Ao lado de Freixo, Marielle coordenou a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.
Na Câmara Municipal do Rio, ela fazia parte da comissão que acompanhava a intervenção, como forma de coibir abusos das Forças Armadas e da polícia. Há oito dias, ela compartilhou denúncia de moradores de Acari, favela na zona norte carioca, sobre o suposto homicídio de dois jovens por policiais, além de ameaças por PMs. À época, a corporação não confirmou as mortes.
O crime aconteceu no mesmo dia que quatro PMs foram presos suspeitos de integrar milícia na Baixada Fluminense.
Indignação. Correligionário de Marielle, o deputado federal Chico Alencar lamentou a tragédia. “Tem de apurar séria e rapidamente porque isso pode ser o início de uma escalada sem tamanho, de um caos”, afirmou.
Alencar pretende viajar nesta quinta de Brasília até o Rio para acompanhar os desdobramentos. Para ele, uma das linhas de investigação deve ser a de execução, principalmente por causa das denúncias feitas pela colega. Em nota, o PSOL disse ter sido um “crime hediondo”.
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), decretou luto oficial de três dias. “Não vamos deixar que sua trajetória seja esquecida, não permitiremos que esse crime fique impune.” Já o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) disse que foi um ato de “extrema covardia”.
Em nota, o Palácio do Planalto informou que vai acompanhar toda a apuração. Segundo o texto, o ministro da Segurança, Raul Jungmann, falou com o interventor, general Braga Netto, e “colocou a Polícia Federal para auxiliar em toda a investigação”. /COLABORARAM JÚLIA MARQUES e ROBERTA JANSEN
Fonte: Estadão