Violência e brutalidade contra os negros no Brasil

As mortes de Durval Teófilo Filho e de Moïse Kabamgabe não são coincidências, são retratos de um Brasil que violenta corpos negros desde 1500

Por Zulu Araújo

O assassinato brutal do trabalhador Durval Teófilo Filho, pelo Sargento da Marinha, Aurélio Alves Bezerra, no Rio de Janeiro, no último dia 02 de fevereiro, escancarou para todo mundo o estado de beligerância e barbárie em que o Brasil está envolvido. Essa manifestação de desprezo pela vida, mostrada pelas câmeras de segurança para todo o Brasil, não é obra do acaso, é fruto desse estado de violência que as mais altas autoridades brasileiras e setores conservadores da sociedade, dentre eles os militares, têm estimulado no país.  Fazer justiça com as próprias mãos, seja por meio de pauladas, atirando no vizinho ou armando a população de forma insana,  não poderia ter outro resultado, que não o aumento exponencial da violência.  Parte da população está se sentindo autorizada ao uso da violência, (os militares em especial) exatamente por aqueles que deveriam combatê-la. 

A impressão de que isso é algo normal, uma fatalidade ou responsabilidade individual do criminoso, não se justifica. Não pode, nem deve ser aceita. Pode até parecer normal, mas, não o é. Isto é a barbárie. A naturalização dos assassinatos, particularmente contra a população negra, em nosso país, está se tornando uma patologia, uma doença social. 

Precisamos unir  as instituições democráticas e populares, as organizações sindicais, os movimentos sociais, em particular o movimento negro, enfim, todos aqueles que acreditam num país fraterno e solidário, para exigir políticas públicas que protejam a nossa população.  

Sabemos que o racismo no Brasil é estrutural, sabemos que não iremos resolver esta questão como se fosse um passe de mágica, mas não podemos ficar parados. Precisamos nos mobilizar em defesa da vida.

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