Um sábado diferente, cheio de descobertas, emoções e reencontros com a própria história. Foi assim para quase 70 estudantes da rede estadual de ensino que participaram do Programa Estudantes nos Museus, uma iniciativa das secretarias da Educação (SEC) e de Cultura (Secult), com apoio do IPAC e da FLEM. Mais do que uma visita guiada, o passeio foi um convite para enxergar o mundo — e a si mesmos — com novos olhos.
O dia começou no coração de Salvador, com o Elevador Lacerda como ponto de partida. De lá, os grupos seguiram por um roteiro repleto de memória e significados: Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), Praça da Sé, Largo do Pelourinho, Caminho de São Francisco, Memorial das Baianas, Casa do Benin, Fundação Casa de Jorge Amado e Museu de Arte Moderna (MAM), no Solar do Unhão.
Ao longo do trajeto, a arte e a ancestralidade foram ganhando forma nos olhos e nos corações dos estudantes. Cauan Rauan David, 17 anos, aluno do 3º ano do Colégio Estadual Edith Machado Boaventura, em Feira de Santana, se emocionou:
“É a primeira vez que venho a um lugar assim. Sem esse projeto, talvez nunca tivesse vindo. A gente escuta sobre cultura afro-brasileira, mas estar aqui, ver tudo isso de perto… é muito especial. Vou levar pra vida.”
A visita ao Muncab foi especialmente marcante. Ali, os jovens encontraram parte de suas origens retratada com dignidade, força e beleza. Mais do que observar, eles puderam interagir, refletir e se reconhecer em cada detalhe.
A programação contou com mediação educativa e oficinas artísticas, como pintura, colagem, cerâmica e desenho. A proposta era simples, mas poderosa: provocar sentimentos, aguçar a criatividade e abrir caminhos para que cada estudante expressasse o que estava sentindo.
Izabela Kottler, da equipe de Arte e Cultura Estudantil da SEC, acompanhou tudo de perto e se emocionou:
“É mágico ver o brilho no olhar deles. Muitos estão saindo pela primeira vez do bairro, da rotina. E de repente se veem num museu, tocados pela arte, pela história… Isso transforma. Dá vontade de aprender mais, de sonhar mais alto.”
Na escola de Cauan, o projeto Pretitude em Foco já prepara o terreno para esse tipo de vivência. Com cerca de 150 estudantes negros, o grupo se reúne para refletir sobre identidade, pertencimento e orgulho racial. A visita ao Muncab foi a concretização de muitos dos temas discutidos em sala.
Rakelly Barbosa Araújo, do 9º ano, resumiu bem o sentimento coletivo:
“Depois que entrei no grupo, me redescobri. Entendi quem eu sou, de onde venho, o valor da minha história. Estar aqui hoje é como viver um sonho que antes eu nem sabia que podia sonhar.”
Outros 30 estudantes do Colégio Estadual Alfredo Agostinho de Deus, em Lauro de Freitas, também participaram da ação, visitando o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e o Museu de Arte da Bahia (MAB), ampliando suas visões de mundo por meio da arte.
Em 2025, o programa já alcançou cerca de 5 mil estudantes e professores, incluindo turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A cada nova saída, novos caminhos se abrem — dentro e fora dos museus.