Vítima de abuso e violência é humilhada ao dar queixa à PM

Caso aconteceu no Dia da Consciência Negra. Contadora estava à caminho do trabalho

Uma mulher de 36 anos foi vítima de estupro no último dia 20 de novembro. De acordo com reportagem de O GLOBO, a contadora, que não quis se identificar, caminhava na Avenida Almirante Aymara Xavier de Souza, em Bangu, Zona Oeste do Rio, por volta das 5h30. Ela estava à caminho do trabalho e deveria pegar o ônibus quando foi abordada por um homem que apontou um arma em sua direção e levou para um matagal.

A vítima relatou que o homem a estuprou e ordenou que ela ficasse quieta sem olhar para trás. O homem sumiu e a contadora seguiu à caminho da rua, nua e desnorteada, quando avistou quatro PMs.

A contadora relata que pediu socorro aos policiais, que debocharam dela e a chamaram de maluca. O descaso dos policiais não parou por aí, a vítmia precisou implorar para ser levada para casa. Os policiais disseram que estavam em uma ocorrência e que não podiam sair do local, mas o motorista da viatura afirmou que se a residência da vítima era perto ele a levaria.

Ela chegou em casa, ainda sem roupa e a mãe correu para abraçá-la. Foram à delegacia de Bangu onde a orientaram seguir para o hospital para receber a medicação adequada. Na 34ª DP não havia uma agente feminina para atender a contadora, que foi encaminhada para o IML para fazer o exame de corpo de delito. Chegando lá, ela esbarrou em mais uma dificuldade, o atendimento era só de segunda à sexta.

Segundo a reportagem, o namorado da vítima argumentou “Mas não vai ter mais vestígio?” No que o policial respondeu: “Você tem a liberdade de tentar”. No IML, um homem vestindo calça jeans e chinelos mandou a vítima voltar na segunda-feira. A vítima relata que o homem sequer olhou para a cara deles e também não respondeu quando perguntaram se havia outra unidade funcionando. De volta à delegacia, perceberam que nada seria resolvido e voltaram para casa, depois de mais de 10 horas buscando atendimento adequado.

Ao jornal EXTRA, as assessorias das polícias Civil e Militar responderam por meio de notas. A Polícia Militar afirmou que “os policiais militares foram identificados e, por determinação do Secretário Henrique Pires, a Corregedoria da Corporação está apurando o caso”. A Polícia Civil afirmou que “a vítima foi atendida na tarde de sábado (20/11), no Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande, sem prejuízo ao exame e à investigação”.

Sobre o atendimento no 34º DP, os policiais disseram que os plantões atendem a escala e que não existe impedimento de “uma equipe ser formada apenas por homens”, mas afirmaram que pretendem retomar a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), em Campo Grande.

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