Você sabia que Malcolm X completaria 98 anos hoje?
Ativista que defendia o nacionalismo negro nos EUA foi assassinado em 1965. Conheça sua trajetória e legado
Nascido em Omaha no dia 19 de maio de 1925, Malcolm X foi uma figura complexa. Um dos maiores defensores do nacionalismo negro nos Estados Unidos, passou por diversas transformações ao longo da vida, entre elas a conversão ao grupo político e religioso Nação do Islã. O ativista foi assassinado em Nova York, no dia 21 de fevereiro de 1965, por membros da organização da qual fez parte. Entenda o que aconteceu e conheça melhor a vida de Malcolm X:
Infância marcada por violência
Nascido Malcolm Little, o ativista e a família foram muito perseguidos por supremacistas brancos. Após ameaças da Ku Klux Klan, mudaram de Nebraska para o Michigan, mas a violência não diminuiu, e chegaram a ter a casa queimada por supremacistas. Em 1931, quando Malcolm tinha 6 anos, seu pai morreu atropelado — embora tenha sido considerado um acidente, a família Little acredita que o atropelamento tenha sido obra de outro grupo supremacista, o Black Legion. Sem dinheiro para sustentar os 8 filhos, a mãe de Malcolm acabou internada em uma instituição de saúde mental, e Malcolm entrou no sistema de assistência social, morando com diferentes famílias.
Abandono da escola
Embora fosse bom aluno e desejasse se tornar advogado, Malcolm foi desencorajado por um professor, que teria dito que tal emprego não era realista para um negro. Ele largou a escola e começou a realizar pequenos roubos e a vender drogas, até ser preso em 1946.
Nacionalismo negro
Na prisão, Malcolm conheceu a Nação do Islã, um movimento que combinava elementos do islamismo com nacionalismo negro. Malcolm se identificou com o movimento, pois acreditava que os negros nos EUA deveriam se proteger da agressão dos brancos de todos os modos necessários —o que muitas vezes o colocou contra os ensinamentos de não violência de um líder carismático da época, Martin Luther King Jr. Na sua visão, era tolice acreditar que americanos brancos abririam mão de seus privilégios em nome da igualdade. Em sua autobiografia lançada em 1965, ele criticou a Marcha em Washington, na qual Martin Luther King Jr. proclamou seu famoso discurso “Eu Tenho Um Sonho”: “Quem já ouviu falar de revolucionários bravos cantando ‘We Shall Overcome’ enquanto dançavam de braços dados com as pessoas que eles supostamente deveriam estar se revoltando contra?”
O X da questão
Ainda na prisão (Malcolm ficou 7 anos preso antes de sair em liberdade condicional), o ativista substituiu o sobrenome Little por X, simbolizando o desconhecimento de seu sobrenome ancestral verdadeiro. Como muitos afro-americanos, as raízes de Malcolm foram apagadas pela escravidão, e ele enxergava o sobrenome como mais uma ferramenta de opressão. “Para mim, meu ‘X’ substituiu o nome branco do senhor de escravos ‘Little’, que algum demônio de olho azul chamado Little impôs aos meus pais”, escreveu em sua autobiografia.
Nação do Islã
A participação de Malcolm X na Nação do Islã contribuiu para que a organização saltasse de 500 membros para 30 mil em uma década. Mas acusações de corrupção e a descoberta de que o líder da organização, Elijah Muhammad, havia cometido adultério e assédio sexual, fizeram Malcolm X romper com a Nação do Islã. Pouco depois, em 1963, viajou para Meca, onde passou por uma transformação espiritual e se converteu ao islamismo sunita. Voltou aos EUA com um novo nome, Al Hajj Malik Al-Shabazz, fundou a Organização para a Unidade Afro-Americana, com a qual passou a defender que o racismo, e não a raça branca como um todo, era o inimigo da justiça. Ele enxergava no islamismo uma forma de superar a desunião racial.
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Assassinato
As hostilidades com a antiga organização, a Nação do Islã, porém, continuaram. Durante um evento no auditório da Organização para a Unidade Afro-Americana, ele foi assassinado por membros da Nação do Islã. Malcolm X passou a ser considerado um mártir e suas ideias e discursos contribuíram para o surgimento do movimento Black Power, além de popularizar os valores de autonomia e independência entre afro-americanos nos anos 1960 e 1970.