Neste último sábado (27), o coração de Porto Alegre pulsou mais forte com os passos firmes de mulheres negras que ocuparam as ruas em um ato de resistência, memória e afirmação de vida. A Marcha das Mulheres Negras do RS fez parte do Julho das Pretas — mês que marca a luta das mulheres negras latino-americanas e caribenhas.
Com faixas, tambores e vozes que ecoavam o grito por justiça, as participantes denunciaram o racismo estrutural, o descaso com a vida da população negra, o feminicídio e a falta de políticas públicas voltadas às suas realidades. Elas marcharam por saúde, educação, moradia, equidade e, acima de tudo, por dignidade.
“É mais do que um protesto. É um reencontro com nossas ancestrais. É um abraço coletivo em meio a tanta dor. Marchar com outras mulheres negras é lembrar que existimos, resistimos e merecemos viver com alegria e respeito”, declarou uma das mulheres presentes no ato.
O evento também foi espaço de homenagens: nomes e histórias de lideranças negras que partiram foram lembrados com carinho e revolta — vítimas, muitas vezes, de uma estrutura que insiste em invisibilizar e negligenciar vidas negras.
Ao final da caminhada, ficou o sentimento de força renovada. Não por uma ilusão de vitória imediata, mas pela certeza de que, juntas, essas mulheres seguem firmes, escrevendo o presente e semeando um futuro onde viver com dignidade seja um direito e não um privilégio.