Websérie baiana que tem super-heroína negra como protagonista estreia na internet; conheça ‘Punho Negro’
Com lançamento marcado para às 9h desta quinta-feira (8), produção audiovisual independente busca representatividade e discute racismo e pressões sociais que a mulher negra sofre no dia a dia.
O punho cerrado dos Panteras Negras, organização criada para combater a opressão dos brancos nos Estados Unidos na década de 60, foi a inspiração para o nome da websérie baiana que será lançada nesta quinta-feira (8), às 9h, na internet. [No vídeo acima, atores e produtora falam mais sobre a série]
Com uma super-heroína negra como protagonista, a produção audiovisual independente, “Punho Negro”, do coletivo Êpa Filmes, se passa em Salvador e busca discutir temas como o machismo e o racismo. “A gente nunca se viu representada assim, dessa forma. Principalmente nós, mulheres negras. Poder participar da construção da história dessa personagem é muito engradecedor”, conta Milena Anjos, produtora da websérie.
Carol Alves, atriz que incorpora a personagem principal, Tereza, também reforça o orgulho de participar de uma produção em que se sente representada. “Eu pensei muito na minha mãe, na minha avó que criou cinco filhos. Então, é essa força matriarcal que é muito forte, essa força da mulher negra que temos que valorizar. Vamos reunir todas as mulheres que são essas heroínas das nossas vidas”, conta.
“Tem mulheres que têm que sustentar a família, têm que cuidar da casa, têm que criar os filhos, educar os filhos. São super-heroínas”
A narrativa é construída sob olhar crítico para o universo dos super-heróis, que é majoritariamente masculino e branco, e questiona padrões impostos pela sociedade machista. Além de enfrentar vilões, Tereza também precisa conciliar a carreira de heroína com os desafios da vida pessoal. “Esse é o poder da Punho Negro. A gente tem que ser forte para resistir, para sobreviver, mas tem dias que a gente quer jogar tudo para cima, não fazer nada”, destaca Carol.
“Pecisamos, infelizmente, ter o tempo inteiro essa força para poder lidar com várias questões. Tem que saber cuidar da casa, tem que cuidar do marido, tem que saber cozinhar, tem que estar sempre linda..e é totalmente o contrário que a Punho Negro quer mostrar”, afirma Milena.
“Nós, mulheres, não precisamos ser tudo. A gente não precisa ser forte. Não precisa estar ali o tempo inteiro”Heraldo de Deus, ator que faz o papel de Vagner, marido de Tereza, conta que também lembrou da avó e da mãe quando foi convidado a participar da produção. “Eu sempre fui viciado em séries. E quando eu li, eu nem pensei duas vezes e já disse que ia fazer”, lembra. Heraldo também destacou a importância do processo de produção coletivo.
Produção durou três meses, de dezembro a fevereiro deste ano (Foto: Divulgação)
Sobre a data de lançamento da websérie ser justamente no Dia Internacional da Mulher, Milena provoca. “Eu acho essa data muito clichê. Dá voz à mulher super padrão. Mas uma outra integrante do coletivo me convenceu justamente por Punho Negro representar o contrário”, disse. E Carol reforça:
“Por quê que vocês querem colocar a gente dentro de um dia específico?”
A websérie já tem dois episódios gravados em três meses de produção, que foi de dezembro de 2017 a fevereiro deste ano. Sem contar com financiamentos públicos ou patrocínio, o coletivo Êpa Filmes, que desde de 2012 atua no cenário audiovisual, pretende seguir com os episódios que já foram escritos a partir da resposta do público. Segundo Milena Anjos, a equipe também tem o objetivo de buscar parceiros para que a série continue.
Punho Negro será exibida gratuitamente na página do Facebook e no canal do Youtube, com lançamento quinzenal de novos episódios, além de ter uma conta no Instagram criada e administrada pela própria personagem, onde ela posta fotos e fala sobre as experiências como heroína.
Segundo a produção da série, a proposta é que através destes canais o público possa interagir constantemente e ajudar a construir os próximos passos da personagem e, para além disso, discutir e refletir sobre os temas abordados.
Acesse a página do Punho Negro no Facebook: https://www.facebook.com/punhonegro/ ou Instagram: https://www.instagram.com/punhonegro/. Para mandar sugestões, envie para o E-mail: punhonegroserie@gmail.com.
Fonte: G1