Revista Raça Brasil

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Zezé Motta estreia monólogo que mistura canto, memória e ancestralidade

Zezé Motta não sobe ao palco para apenas se apresentar. Ela chega para tocar fundo, para abrir caminhos de memória e emoção. E é exatamente isso que acontece em seu novo espetáculo, “Vou fazer de mim um mundo”, o primeiro monólogo da carreira dessa verdadeira diva brasileira.

A peça é um convite para revisitar a infância de uma menina negra que poderia ser a própria Zezé, a escritora americana Maya Angelou ou tantas outras espalhadas pelo mundo. Meninas que compartilham sonhos, dores e a mesma luta marcada pela cor da pele.

Logo no início, antes mesmo de a cortina se abrir, a plateia é arrebatada pela voz de Zezé entoando um cântico em homenagem a Xangô. É impossível não se arrepiar — o público já entende que o que vem pela frente não é apenas teatro, mas uma experiência de ancestralidade.

O texto, escrito por Elissandro de Aquino, se inspira no livro “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola”, de Maya Angelou. A dramaturgia costura memórias da autora com elementos da cultura negra brasileira, incluindo versos de rap que levantam a plateia e arrancam aplausos em cena aberta.

Mas Zezé não se limita às palavras. Sua voz também canta, entrelaçando a narrativa com clássicos da música brasileira. Às vezes, basta um trecho — pequeno, mas intenso — para preencher o espaço e dar ainda mais emoção à história.

No palco, Zezé é acompanhada pela percussionista Mila Moura, que traz força e energia em cada batida, e pelo guitarrista Pedro Leal David, que guia a musicalidade com delicadeza e firmeza. Juntos, eles transformam cada instante em algo vivo, que pulsa e envolve quem assiste.

“Vou fazer de mim um mundo” não é apenas uma peça. É poesia, é música, é resistência. É Zezé Motta mostrando, mais uma vez, que a arte pode ser um lugar de cura, força e beleza.

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