Pandemia afeta diretamente afroempreendedores, diz pesquisa

A Fundação Getúlio Vargas e o Sebrae realizaram uma pesquisa entre os dias 29 de maio e 02 de junho, e constataram que – entre os donos de pequenos negócios no país – empreendedores negros foram mais impactados pela pandemia do coronavírus.

Entre os 7.403 empresários entrevistados, 70% dos negócios conduzidos por negros estão localizados em municípios que tiveram fechamento parcial ou total dos estabelecimentos, enquanto 60% dos negócios liderados por brancos atuam em locais com restrições. Além disso, 39% dos empreendedores brancos possuem negócios onde houve maior reabertura, ao contrário dos negros, que são apenas 29%. A amostragem também identificou que 46% dos negócios liderados por negros tiveram que interromper temporariamente o funcionamento, enquanto 41% dos negócios mantidos por brancos tiveram interrupção temporária.

Ao contrário dos 40% dos empreendedores brancos que conseguiram continuar com os negócios com o auxílio de ferramentas digitais, 32% dos negros fizeram uso desse tipo de recurso, por meio de site, aplicativos, entre outros. A amostragem identificou ainda que, entre os empreendedores negros, a maior proporção (70%) é de Microempreendedores Individuais (MEI), em sua maioria mais jovem, formado por mulheres e com menor nível de escolaridade em comparação aos brancos.

Em relação ao uso de redes sociais, os pequenos negócios mantidos por negros usam menos esse tipo de recurso para vendas, mas demonstram interesse em utilizar mais a Internet para vender. Enquanto 48% dos empreendedores brancos já vendiam com auxílio da Internet antes da pandemia, entre os negros são 45%. Por outro lado, entre os que não utilizavam ainda o ambiente online, 21% dos negros responderam que em breve pretendem utilizar, enquanto 17% dos brancos responderam que têm interesse. Entre os que conseguiram expandir as vendas, os negros venderam menos online (37%) do que os brancos (41%). No entanto, dos empreendedores negros que vendem pela Internet, a maior parte utiliza o Whatsapp (88%), enquanto entre os brancos, sites próprios e Facebook são mais utilizados.

 

Confira os principais resultados da pesquisa:

* Empreendedores negros foram mais afetados pelas restrições de circulação de pessoas, sendo 70% dos negócios localizados em municípios onde houve fechamento parcial (61%) e fechamento total (9%).

* Empreendedores negros tiveram mais interrupção temporária (46%) do que os brancos (41%).

* Entre os negócios conduzidos por negros, 45% não conseguiram funcionar por só existirem presencialmente, entre os brancos a proporção foi 36%.

* Entre as empresas que conseguiram funcionar, 40% são lideradas por brancos que fizeram uso de ferramentas digitais como site e aplicativos. Entre os empreendedores negros, 32% conseguiram funcionar com o uso desses recursos.

Entre os que conseguiram expandir as vendas, os empresários brancos (41%) passaram a vender mais online do que os negros (37%).

* 87% dos negros e brancos acusam diminuição de faturamento.

* Há entre os empreendedores negros, maior proporção de MEI, negócios mais recentes e que faturam menos (39% a menos).

* Entre os empreendedores negros, é maior a proporção de jovens, mulheres e pessoas com baixa escolaridade.

* Os negros utilizam menos redes sociais, aplicativos ou internet para vender, mas gostariam mais de passar a usar. Enquanto os negros usam proporcionalmente mais WhatsApp, os brancos usam mais Facebook e sites próprios.

* É maior a proporção de negros com empréstimos (69%). Entre os negros que têm dívidas, dois em cada três estão em atraso (relação maior que a dos brancos).

* Negros e brancos pediram empréstimo em bancos em proporção semelhante, mas os negros tiveram maior recusa (61%), enquanto para os brancos foi de 55%. O valor solicitado pelos negros (R$ 28 mil) é 26% mais baixo do que o solicitado pelos brancos (R$ 37 mil)

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