26 anos em defesa da diversidade, da pluralidade e da democracia

Por: Zulu Araújo

Mais um ano de vida, mais um ano de luta, mais um ano de sucesso. Esse é o caminho trilhado pela Revista Raça ao longo dos últimos vinte e seis anos e que precisa ser celebrado, particularmente após ter assumido sua direção o Jornalista Maurício Pestana. Essa trajetória Raça é motivo de orgulho, não apenas para aqueles que escrevem ou aparecem nas suas páginas, mas para a sociedade brasileira, pois tudo isso ocorreu sem que a Revista tenha deixado de assumir, (por um dia que fosse), o seu compromisso inalienável em defesa da igualdade racial e do combate ao racismo. Além da defesa e o respeito à diversidade em todos os sentidos: racial, cultural, político e religioso e sobretudo a defesa da Democracia.

Acompanho a Revista Raça, desde o seu nascimento, inicialmente como leitor, posteriormente como colaborador e hoje como membro do seu conselho editorial e articulista. Por isso mesmo, posso afirmar com tranquilidade que a Raça é símbolo e exemplo da evolução ocorrida na sociedade brasileira, nos últimos anos, em particular da comunidade negra, por conta de sua luta incessante em defesa da Igualdade racial em nosso país. Não uma igualdade abstrata, vazia de significado ou retórica. Mas, a igualdade acompanhada da liberdade e expressa no direito que todo e qualquer cidadão brasileiro possui de ser tratado com respeito e dignidade.

Igualdade assegurada na Constituição e que precisa ser materializada no respeito ao direito de ir e vir, sem que seja confundido, tratado ou eliminado como se fosse um animal, por conta da cor da sua pele. Igualdade também inscrita na Constituição, de professar o culto religioso que bem entender em particular os de matrizes
africanas, sem que com isso seja estigmatizado, discriminado ou caluniado como adorador do demônio ou das forças das trevas, como intolerantes religiosos tem afirmado ultimamente. Do mesmo modo, igualdade e liberdade para que a comunidade negra possa se organizar na defesa dos seus direitos, de preservar, valorizar e divulgar suas manifestações culturais e assim avançar nas conquistas por melhores condições de vida, saúde, trabalho e educação.

A Raça também tem sido ao longo dessas quase três décadas uma porta voz e defensora radical da Democracia e do Estado Democrático de Direito. Isto por acreditar que é no espaço democrático onde os litígios, as lutas e as reivindicações devem ser discutidas, negociadas e aprimoradas, para o avanço civilizatório da nossa sociedade e não com ameaças e intimidações. E neste sentido, a Raça tem tido uma postura exemplar ao abrir espaços nas suas publicações para o exercício do contraditório e a expressão de visões diferentes de mundo, sem que com isso abra mão do combate a toda sorte de desigualdade que lamentavelmente ainda são vigentes em nosso país.

Portanto, celebrar vinte e seis anos de existência da Revista Raça, é muito mais que uma comemoração do órgão de comunicação mais longevo que a comunidade negra construiu até o presente momento. É celebrar a concretização de um sonho: de que é possível defender a democracia, a igualdade, a diversidade e a pluralidade sem cairmos nas armadilhas do discurso fácil do denuncismo ou da subalternidade econômica. É celebrar a qualidade, a inteligência, a beleza e a ousadia em produzir o melhor para que possamos reivindicar o melhor para todos aqueles e aquelas que habitam esse planeta chamado Brasil.

Viva a Revista Raça, Viva a Democracia e Toca a zabumba que a terra é nossa

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