2ª edição da  PerifaCon

Por: Luan Lima e Jaice Balduino

A convenção de cultura pop da favela aconteceu ontem 31/07 na Fábrica de Cultura da Brasilândia

Aconteceu ontem 31/07 a 2ª edição da Perifacon, considerada a primeira convenção de cultura pop, geek e quadrinhos da favela. O evento foi sediado na Fábrica de Cultura da Brasilândia, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis.

O evento teve entrada franca, contando com painéis, exposições e debates, além de um concurso de cosplay, Arena Gamer e Beco dos Artistas. Em nova, a organização revelou que estavam liberadas informações de editais para exposições, vendedores, voluntários e cosplays.

Fotos: Luan Lima

A RAÇA entrevistou exclusivamente a organização e fez registro com fotos do evento. Acompanhe:

O que é a PerifaCon e como surgiu essa ideia?

A PerifaCon surgiu com a ideia de democratizar o acesso à cultura GEEK, Nerd. Éramos 7 amigos na época, e o bem comum era de ser uma feira de quadrinhos, mas esbarrou em várias pautas, com desejo coletivo de muita gente. Então a gente decidiu que seria importante abraçar a vontade das pessoas, e a PerifaCon acaba virando esse evento em 2019 na fábrica de cultura, e recebe 4 mil pessoas, mais do que esperávamos, e o evento acaba sendo um grande sucesso.

Devido a pandemia esse é o segundo evento presencial que vocês realizam. Qual a expectativa para esse ano?

Esse é o segundo evento presencial, depois de dois anos parados, sem fazer o evento por conta da pandemia, mas nós desenrolamos vários trampos e conseguimos executar outras coisas, mas é sempre um desafio. A pandemia foi um desafio para o setor da cultura principalmente para quem trabalha com a periferia. As expectativas para este evento estão altas, estamos esperando de 7 a 10 mil pessoas no evento. A gente entende que é um evento muito importante pra comunidade Nerd, pra comunidade periférica. Vamos vir mais organizados, com o apoio de algumas marcas, que foi algo que sempre quisemos, e sempre lutamos porque é muito importante essa inserção da marca com apoio, com dinheiro para o evento acontecer, e ter várias melhorias na estrutura.

Além de ser um grande evento GEEK, a PerifaCon consegue destacar e revelar novos artistas. Como é para vocês, essa oportunidade de contribuir para uma nova perspectiva dentro da periferia?

É a Realização de um sonho. Essa coisa da empregabilidade dentro do universo GEEK, e Gamer, tem a ver com essa quebra de paradigma e expectativas que as pessoas têm da periferia, que é esse lugar de pensar que: Esse lugar só vai rolar violência. Ou até mesmo uma coisa cultural de achar que na periferia só rola rap, e funk e só. Os artistas que estão no beco da PerifaCon, eles dialogam muito com essa coisa do Geek e também com essa quebra de perspectiva que é só violência. Tem gente fazendo jogo, gente fazendo quadrinhos, gente fazendo Print, e nós ficamos muito felizes com isso.

Qual a maior dificuldade que vocês enfrentam hoje, em questão de estrutura?

Acho que é uma questão de perspectiva de convencer as marcas a inserirem grana no evento. Eu acho que por muito tempo foi um desafio, e estamos começando a quebrar isso. A gente vem aí com um patrocínio Master muito bom, a gente tem apoio de várias marcas. Então conseguimos pular uma etapa que sempre foi uma grande questão, por ser um evento na periferia. De novo, as pessoas olham para a periferia e acham que esse lugar é só de violência e etc, e acabam não querendo patrocinar e se atrelar a periferia por conta disso.

Nos conte um pouco sobre o projeto Narrativas Periféricas.

O Projeto narrativas periféricas é um projeto que temos com a editora Mino (@editoramino) onde as pessoas são capacitadas, então não é uma bolsa aleatória. A Janaina (@janainadeluna) que é a editora chefe da Mino, faz todo um trabalho com esses artistas, inclusive intelectual, fornecendo uma formação. As pessoas recebem a bolsa e tem uma formação qualificada. Não é só um quadrinho que você vai lançar, tem toda uma formação como quadrinista, então é um trabalho muito legal que tem o apoio da Perifa.

Quais foram os destaques deste ano nas HQs nacionais?

Esse ano a gente vem com um time muito legal de quadrinista. Esse ano tem artistas novos no mercado, então vamos ter o Omi Saudade que é um artista muito bom, que se não me engano é da zona leste (posso confirmar), mas ele vem com uma linguagem própria inclusive para falar dos bailes, e isso é louco. A gente também traz o Deley (@deley_ifc) que é da Manda Busca (@mandabusca1), ele fez a nossa vinheta que inclusive está vinculada e passando na Globo, isso é muito legal, são novos nomes, novas pessoas com essa perspectiva, e tem gente que já está no mercado, teremos a sessão de autógrafos com o Marcelo D’Salete que é um cara que já ganhou um Eisner Awards sabe? Então isso é muito louco.

É um evento que também recebeu crianças?

O Nosso evento é censura livre, inclusive a gente não vende bebida alcóolica, exatamente pra ser um evento de família, em um domingo. É um evento que queremos receber todo mundo.  Todos são bem vindos.

Mais sobre o evento

Foram mais de 7 horas de programação acontecendo simultaneamente nos 7 andares da Fábrica, o evento se mostrou ser uma demanda para as quebradas em função do alto número de pessoas interessadas em ver de perto a primeira Comic Con da favela.

Em números, a 1ª edição teve mais 200 pedidos de artistas para participar do Beco dos Artistas, mais de 150 mídias de imprensa credenciadas, mais de 150 inscrições de voluntários e quase 3 mil pessoas previamente credenciadas como visitantes.

Na primeira edição do projeto, foram realizadas 8 oficinas sobre diversos temas como: Universo Harry Potter, Oficina de Tecnologia, Oficina de HQ; Oficina pergunte a um cientista;

5 mesas de debate sobre os temas: Representatividade Negra nos quadrinhos, Produção de Podcast, Arte e Resistência, Mulheres no Mundo Nerd, Produção Independente e Editoral, contando com presenças de grandes nomes como Marcelo D’Salete, Load, Cris Bartis, Sidney Gusman, Natalia Bridi, Adriana Melo, Clarice França, DJ KL Jay entre outros; Uma feira com 44 expositores compostos por artistas independentes; Sala de gameboard; Sala de jogos com studios brasileiros; Sala de RPG; Exposição dos artistas Load e Loud com as obras Rap em Quadrinhos; Feira com 14 editoras e lojas do segmento nerd, geek e pop; Sessão de Autógrafos com artistas consolidados e independentes; Transmissão de material audiovisual como: episódio da série “Impuros” dos Canais FOX, curta metragem “Passos no Escuro”, painel sobre DC e Marvel e videoclipe “Não é Desenho” com o rapper Rashid; Sala de Games Independentes e Atrações Musicais no palco e Concurso de Cosplay com mais de 20 participantes.  

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