A HISTÓRIA DA ÓPERA ALEBÊ DE JERUSALÉM
Conheça a história da ópera “Alabê de Jerusalém”, do compositor Altay Veloso
TEXTO: Oswaldo Faustino | FOTO: Divulgação | Adaptação web: David Pereira
Valorizar os diversos preceitos religiosos e respeitar todas as concepções sobre a existência é um costume aprendido na infância por Altay Veloso: “Meus avós eram católicos fervorosos. Na casa deles havia cultos diários. Num dia falava uma pessoa batista, em outro, alguém da Rosa Cruz, um maçom ou alguma outra corrente esotérica. Minha avó era da Legião da Boa Vontade. Uma vez por semana, também na casa deles, um psiquiatra ateu, grande amigo de meu avô, dava consultas gratuitas às pessoas do bairro. Vovó dizia: ‘Deus gosta muito desse ateu’. Essa diversidade foi a forja do meu espírito”. Altay afirma ter um afeto profundo por Jesus Cristo, assim como por Buda, por Chrishna, por Maomé: “Esses avatares todos me interessam muito. A palavra Jerusalém sempre me seduziu. Parece que o mundo gira em torno dessa cidade. Ali nascem religiões. Foi a partir da diversidade que comecei a conceber o ‘Alabê de Jerusalém’”.
História da ópera Alabê de Jerusalém: Nascido há cerca de 2000 anos, no antigo Daomé, hoje Nigéria, onde se cultuavam os orixás mais conhecidos e amados no Brasil, Ogundana, o protagonista da ópera e do livro, parte aos 12 anos em direção ao Norte da África, até o Egito, onde se apropria de toda a cultura local, em especial sua desenvolvida medicina. Sem romper a relação profunda com os orixás, ele adquire conhecimentos sobre todo o panteão egípcio e aprende os segredos da mumificação. Na vizinha Núbia, aprende a medicina com pouca água e cura um centurião romano – que o convida a ir para Roma, onde se torna médico das tropas. Quando Pôncio Pilatos é nomeado governador da Judeia, o leva consigo. Inicia-se, então, a fase de aproximação de Ogundana ao judaísmo. E em Cesareia ele se apaixona por Judite, prima de Maria Madalena, através de quem conhecerá Jesus Cristo.
Altay Veloso conta que quando começou a escrever essa história, o protagonista chegava a Israel como escravo dos romanos, mas um fato em sua vida mudou a concepção: “Eu gosto de trabalhar durante a madrugada e só vou dormir lá pelas 5 ou 6 horas. Um dia, porém, acordei às 9 horas e, de repente, abri os olhos e vi vários idosos negros e negras em volta da minha cama, sentados e sorrindo. Comecei a chorar. Saí da cama, me ajoelhei no assoalho e pus o rosto no chão. Depois voltei ao estúdio onde faço minhas criações e lá pelas 8 da noite ouvi a pergunta: ‘Como você, há dois mil anos, escraviza um negro?’. Imediatamente reescrevi a história e ele se torna médico e fica muito rico”, revela.