É preciso estar atento e forte
Por: Zulu Araújo
O assassinato covarde e brutal de Marcelo Arruda (tesoureiro do PT), em Foz do Iguaçu, no Paraná, (10 de julho), quando celebrava o seu aniversário com familiares, é sinal de que a pregação do ódio e da violência que vem sendo estimulada no país, nos últimos anos, está produzindo resultados. Ou seja, inocentes estão pagando com a vida, apenas em razão de professarem ou comungarem ideias políticas diferentes do outro. É o retorno a barbárie que a ditadura militar implantou no país ao longo de 21 anos, (1964 a 1985) e que derrotamos com o apoio da maioria da população brasileira em 1985.
Para grande parte da imprensa brasileira este seria o primeiro crime político ocorrido na Campanha eleitoral de 2022, mas não é bem assim. A primeira vitima do discurso de ódio que vem sendo pregado no Brasil desde 2016, foi Moa do Katendê, um dos maiores mestres de capoeira da Bahia, educador, músico e compositor, que foi assassinado, também covardemente, pelas costas, com 12 facadas ao término do primeiro turno das eleições de 2018, em Salvador. E a motivação do crime foi a mesma – um bolsonarista irritado com seu voto na chapa petista o assassinou quando ele conversava com seus familiares, num bar do seu bairro.
Mas, essa violência que vem sendo estimuladas no Brasil, pelas mais altas autoridades, não se encerra nesses dois casos emblemáticos. Ela é muito mais profunda do que possamos imaginar e está na raiz das desigualdades brasileiras. Foi por meio da violência extrema que milhões africanos foram escravizados, torturados, mutilados e discriminados ao longo de séculos em nosso país. Tem sido por meio da violência que milhares de mulheres têm sido assassinadas país afora, com o beneplácito dos machistas. É a violência física, moral e espiritual que garantido a uma elite atrasa de truculenta governar esse país.
Portanto, o que a extrema direita, tem reavivado e praticado no Brasil atual é esse modus operandi do período escravocrata.
E isso, tem tudo a ver com a nossa luta diária por igualdade racial e defesa da democracia. Até porque, não há como se ter igualdade (seja qual for) se não tivermos um regime democrático lastreando as relações de ordem política. A intimidação, a acusação sem provas, a intolerância religiosa, as milícias são matrizes e ferramentas operacionais para a instauração do medo e do terror e não podemos nos dobrar a isso.
A nossa luta é para que as nossas comunidades, sejam elas periféricas ou não. A nossa juventude, negra ou não. As nossas mulheres, negras ou não, tenham paz. Tenham direito à vida com dignidade, com respeito e com afeto. Por isso que é preciso estar atento e forte, para que enfrentemos de cabeça erguida, essa maré de estupidez e ignorância que tem assolado o país. Para que as eleições de outubro desse ano possam ocorrer em paz e com liberdade e que a vontade do nosso povo seja respeitada. É preciso estar atento e forte, para não aceitar as provocações e armadilhas que estão sendo meticulosamente engendradas visando a suspensão das nossas eleições presidenciais e assim fraudar a vontade popular.
Enfim, a comunidade negra e suas lideranças precisam se somar a todos aqueles que lutam por um país que invista na educação de qualidade, que apoie a cultura sem preconceitos, que acreditem na ciência para o combate as doenças e epidemias, que preserve o meio ambiente e que trate seu povo com respeito e dignidade. Simples assim. A luta continua e a vitória é certa.