O grande dia
Por: Maurício Pestana
Após uma temporada de análise nas eleições mais emblemáticas que o Brasil já vivenciou desde o fim da ditadura militar, chegamos à última semana de campanha rumo ao veredito final. Ou seja, agora é o voto de milhões de brasileiros que dirá que tipo de país em termos de gênero, cor, raça e fé ou religiosidade irá sair das urnas.
Nossa nação é uma das maiores democracias do mundo, também de maior diversidade, que está longe de se ver representada em suas nuances no Congresso Nacional.
Estamos distantes da representação da vasta maioria do seu povo, formado por negros e mulheres em sua maioria, que são sub-representados em todas as instâncias de poder, inclusive na sociedade civil, como, por exemplo, no setor privado, nos cargos de decisão como os conselhos das empresas e isso tem um reflexo e impacto direto nas políticas públicas.
Dada essa realidade, já há algumas décadas, o país tem colocado em prática políticas de ações afirmativas. Hoje temos, por exemplo, cotas raciais em universidades federais, também encontramos essas cotas em algumas instâncias do Judiciário e até no Executivo e este ano tivemos início nessas eleições políticas públicas focadas em mulheres e negros no fundo partidário que financia as candidaturas eleitorais no país.
É grande o anseio de parcela significativa da sociedade brasileira, de criar um país mais justo e igualitário, assim como também há uma certa resistência de setores que se acostumaram com essa sociedade injusta, alguns, pelo fato de se beneficiarem momentaneamente desta situação, são contrários a essas políticas que, no fundo, beneficiarão o país como um todo nos transformando em uma nação mais justa e igualitária.
Ao receber a incumbência de escrever nos últimos três meses sobre a diversidade, ou a falta dela nessas eleições, pude perceber pelas abordagens, nos comentários, o quanto ainda padecemos de um debate mais franco e sincero e de informações cruciais sobre inclusão, equidade, reparação histórica e outros elementos, sem os quais não poderemos entender nada sobre racismo estrutural e caminhar para um estágio mais evoluído de nação.
Tenho insistido muito na tese de que o Brasil é um dos países mais diversos e miscigenados do mundo e, talvez por conta inclusive deste ativo, possa ainda dar um exemplo para o planeta de como esta variedade de crenças, origens e etnicidade, enriquece lugares deslegitimando o racismo como no caso do futebol, por exemplo, onde somos excelência e exemplos de eficiência para o mundo.
E a melhor forma e também único caminho de se expandir o exemplo do futebol é ter a mesma diversidade encontrada naquele esporte nas instâncias de poder, nos espaços de decisão, no caso da política. Isso se faz por meio de uma representação mais justa de negros, mulheres, indígenas e de todas as camadas da nossa sociedade.
Pense nisso na hora de depositar seu voto, vote pela diversidade, pela inclusão, só assim começaremos a mostrar a verdadeira face da nossa nação.