Portela canta a saga de Kehinde

Livro de Ana Maria Gonçalves, “Um defeito de cor“,  virou enredo da escola de samba. Escola desfila no Rio de Janeiro, na segunda-feira de Carnaval

Um defeito de cor, publicado pela editora Record em 2006, virou enredo da Portela de 2024. A escola de samba que desfila na segunda-feira de Carnaval, no Sambódromo do Rio de Janeiro vai recontar a saga de Kehinde, mulher negra que, aos oito anos, é sequestrada no Reino do Daomé, atual Benin, e trazida para ser escravizada na Ilha de Itaparica, na Bahia.

Vencedor do prestigioso Prêmio Casa de las Américas e incluído na lista da Folha de S.Paulo como o sétimo entre 200 livros mais importantes para entender o Brasil em seus 200 anos de independência, Um defeito de cor ganhou uma edição especial, em novo projeto gráfico, que inclui obras de Rosana Paulino, propondo um roteiro visual do livro. 

A nova edição apresenta o conto afrofuturista inédito “Ancestars”, a primeira narrativa de Ana Maria Gonçalves publicada desde o lançamento de Um defeito de cor. O texto de orelha é assinado pela premiada escritora Cidinha da Silva.

Pautado em intensa pesquisa documental, Um defeito de cor é um retrato original e pungente da exploração e da luta de africanos na diáspora e de seus descendentes, durante oito décadas da formação da sociedade brasileira. A protagonista é inspirada em Luísa Mahin, que teria sido mãe do poeta Luís Gama e participado da célebre Revolta dos Malês, movimento liderado por escravizados muçulmanos a favor da Abolição.

Sobre a autora

Em 2002, Ana Maria Gonçalves (Ibiá/MG, 1970) abandonou a agência de publicidade em que trabalhava em São Paulo e isolou-se na Ilha de Itaparica (BA), onde passou seis meses escrevendo seu primeiro romance, Ao lado e à margem do que sentes por mim, marcado pelo registro intimista. O livro teve primorosa edição artesanal e foi vendido pela própria autora pela internet. Em 2006, publicou Um defeito de cor pela Editora Record. Em 2016, a leitura dramática de sua peça inédita Tchau, querida! foi dirigida por Wagner Moura. Em 2017, colaborou com textos para a peça Chão de pequenos, da Companhia Negra de Teatro, dirigida por Tiago Gambogi e Zé Walter Albinati.

Lançamento

Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô: sobre masculinização, demonização e tensões de gênero na formação dos candomblé, de Claudia Alexandre.

O livro, publicado pela Editora Aruanda/Selo Fundamentos de Axé – RJ, insere um debate inédito no campo dos estudos sobre as tradições e religiosidades afro-brasileiras em relação ao que foi escrito até aqui sobre o controverso orixá Exu.  Ao mesmo tempo insere registros e informações sobre as experiências de mulheres negras – africanas, escravizadas, alforriadas, libertas, que resistiram as opressões patriarcais para manter suas práticas ancestrais, apesar das violências do sistema escravista e no pós-abolição. Uma das alterações está na relação com o orixá Exu, que na iorubalândia tem representações femininas, que foram silenciadas nos primeiros terreiros no Brasil. Claudia Alexandre também é autora de Orixás no terreiro sagrado do samba: Exu & Ogum no Candomblé da Vai-Vai

Comentários

Comentários

About Author /

Jornalista com experiência em gestão, relações públicas e promoção da equidade de gênero e raça. Trabalhou na imprensa, governo, sociedade civil, iniciativa privada e organismos internacionais. Está a frente do canal "Negra Percepção" no YouTube e é autora do livro 'Negra percepção: sobre mim e nós na pandemia'.

Start typing and press Enter to search

Open chat
Preciso de Ajuda
Olá 👋
Podemos te ajudar?