A carreira da cantora pernambucana Isaar França
Conheça a história da cantora e compositora pernambucana Isaar França
TEXTO E ILUSTRAÇÃO: Leandro Valquer | Adaptação web: David Pereira
Ela é pernambucana de Recife, compositora, percussionista e cantora de calibre com alto poder encantatório. Isaar França começou a prodigiosa carreira brincante nas ruas eletrizadas do Recife, envolvida em coisas de coco, afoxé e frevo, com ênfase no Maracatu Piaba de Ouro, nos idos de 1995. Dois anos depois, com sua amiga Karina Buhr, plantou com mão boa e muito esmero a Cumadre Fulôzinha em terra fofa, aguada e adubada. Cumadi Fulôzinha é uma banda formada por mulheres que vibra em seu campo sonoro todas as toadas da sagrada terra pernambucana, tais como ciranda, samba de roda, maracatu, frevo e coco, tudo fundido num molho alegre e energético. Isaar, junto à Cumadi Fulôzinha, depois de fazer a cabeça da moçada em Pindorama, deu uma zanzada nos festivais da França, Bélgica, Suíça, e também lá pelas bandas do norte das Américas, como Canadá e Estados Unidos. Deixou registradas suas impressões carinhosamente gravadas nos dois discos: Cumadre Fulozinha e Tocar na Banda, além de participações em disco do Mundo Livre S.A, da banda Eddie, Dj Dolores, Antonio Nóbrega e Reginaldo Rossi.
Incorporaram-se em 2001 ao elenco da peça As Bacantes, do grupo Teatro Oficina, dirigido por Zé Celso Martinez. Isaar participou do grupo Cumadre Fulozinha durante 8 anos, de 1997 a 2004. A convite de Dj Dolores, passou a cantar com a Orchestra Santa Massa, chegando mesmo a dividir a autoria do CD Aparelhagem, do grupo homônimo, com DJ Dolores. Transbordou, experimentando a bagagem acumulada durante as vivências herdadas da família, de intensa musicalidade, das festas tradicionais e batuques populares de Carnaval e São João e, ainda, o período de profissionalização com o grupo Cumadre Fulôzinha.
É massa, o som é delicioso, com Dj Dolores nas paisagens e vertigens sonoras, Isaar França (percussão e voz), Fábio Trummer (guitarra e voz), Mr. Jam (percussão) e Maciel Salu (rabeca e voz). É uma orquestra de música nordestina contemporânea, como afirma Dj Dolores. Quem já ouviu, ouça novamente. Pra quem não ouviu, não perca tempo, é Santa Massa! Isaar investiu na carreira solo em 2006, quando lançou com maestria o seu primeiro disco, Azul Claro, que vem do estímulo de uma experiência europeia, em que lá mesmo foi convidada a participar de uma coletânea com diversas cantoras africanas. A primeira tiragem de mil cópias foi vorazmente consumida pelos seus conterrâneos, e assim, teve de relançar uma segunda tiragem, em 2009, com acréscimo da faixa bônus, Caixa de Papelão. Ainda em 2009, trabalhou no elenco da aula-espetáculo Nau, sob a direção, de Ariano Suassuna, excursionando pelo interior do estado de Pernambuco. Essa princesa africana surpreende e arrepia com sua voz caseira, banzada, orgânica e sem os vernizes que a grande indústria modelou durante tanto tempo. O desempenho e aparição de Isaar abrem um novo ciclo de experimentações poéticas e vocais. É uma das grandes revelações desta nova safra de divas cantoras-compositoras do século XXI.